Vacina: proteção da Moderna foi testada em 20 idosos (Paul Biris/Getty Images)
Tamires Vitorio
Publicado em 26 de agosto de 2020 às 15h12.
Última atualização em 26 de agosto de 2020 às 15h15.
A farmacêutica Moderna anunciou nesta quarta-feira, 26, que sua vacina contra o novo coronavírus teve bons resultados em testes feitos com pessoas mais velhas. O teste clínico de fase 1 (cujos resultados foram divulgados hoje) teve uma base pequena, de 20 voluntários --- dez tinham idades entre 56 e 70 anos, e outras dez passavam dos 71 anos. Cada um dos participantes recebeu duas doses de 100 microgramas com uma diferença de 28 dias entre elas.
Segundo a Moderna, os voluntários produziram anticorpos neutralizadores da covid-19 após a administração das duas doses da vacina e também produziram linfócitos T — células reativas que ajudam o organismo na defesa de infecções. A pesquisa sobre a vacina ainda não foi publicada em uma revista científica e nem passou pela revisão dos pares, mas os resultados são importantes porque mostram que, apesar da faixa etária, as pessoas estão respondendo bem a proteção.
A companhia também afirmou que a vacina não teve nenhum efeito colateral significativo, mas alguns reportaram fadiga, calafrios, dores de cabeça e dores no local de aplicação da proteção --- mas a maioria dos sintomas desapareceu dois dias após a vacinação.
A vacina da Moderna é feita com o RNA mensageiro, uma técnica que visa estimular a produção de anticorpos para que o corpo humano seja capaz de impedir o vírus de infectar as células saudáveis. Depois da divulgação dos resultados, as ações da Moderna subiram 8,1% em Nova York.
A fase de três de testes envolve 30 mil pessoas em 87 localidades diferentes nos Estados Unidos.
A última fase de testes será realizada em dois grupos. Um receberá uma dose de 100 miligramas da vacina no primeiro dia e mais uma dose 29 dias depois. O outro grupo será tratado com placebos. A ideia agora é provar se a vacina é segura e capaz de prevenir a infecção pela covid-19 – e evitar que as pessoas desenvolvam os sintomas graves.
Para uma vacina ou medicação ser aprovada e distribuída, ela precisa passar por três fases de testes. A fase 1 é a inicial, quando os laboratórios tentam comprovar a segurança de seus medicamentos em seres humanos; a segunda é a fase que tenta estabelecer que a vacina ou o remédio produz imunidade contra um vírus.
Já a fase 3 é a última do estudo e tenta demonstrar a eficácia da imunização. Uma vacina é finalmente disponibilizada para a população quando essa fase é finalizada e a proteção recebe um registro sanitário. Por fim, na fase 4, a vacina ou o remédio é disponibilizado para a população.
Nunca antes foi feito um esforço tão grande para a produção de uma vacina em um prazo tão curto — algumas empresas prometem que até o final do ano ou no máximo no início de 2021 já serão capazes de entregá-la para os países.
A vacina do Ebola, considerada uma das mais rápidas em termos de produção, demorou cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso nos Estados Unidos, por exemplo, somente no ano passado.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualmente existem 173 vacinas em desenvolvimento contra o SARS-CoV-2. Dessas, 31 estão em fase de testes clínicos.
Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. Para a covid-19, as farmacêuticas e companhias em geral estão literalmente correndo atrás de uma solução rápida.
Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.