Ciência

Vacina contra covid-19 da Moderna passa em teste em camundongos

Cientistas têm considerado um ponto como risco principal e um obstáculo para que a vacina possa ser testada com segurança em milhares de pessoas

MODERNA: de acordo com a empresa, os testes em humanos tiveram sucesso (Brian Snyder/Reuters)

MODERNA: de acordo com a empresa, os testes em humanos tiveram sucesso (Brian Snyder/Reuters)

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Reuters

Publicado em 12 de junho de 2020 às 20h45.

Uma pesquisa do laboratório farmacêutico norte-americano Moderna para uma vacina contra covid-19 conseguiu evidências de que não aumenta o risco de doença mais séria e que uma dose pode fornecer proteção contra o novo coronavírus, segundo dados preliminares divulgados nesta sexta-feira.

Estudos anteriores sobre uma vacina para Sars - causada por vírus semelhante ao que provoca Covid-19 - sugerem que vacinas contra este tipo de vírus podem causar o efeito indesejado de causar complicações mais graves quando a pessoa vacinada é exposta ao patógeno, especialmente em indivíduos que não produzem uma resposta imunológica forte adequada.

Cientistas têm considerado este risco como principal obstáculo para que vacinas possam ser testas com segurança em milhares de pessoas saudáveis.

Embora os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID) e pela Moderna sejam encorajadores, os dados obtidos a partir de camundongos não são garantia sobre o que acontece em humanos após a aplicação.

A vacina está atualmente sendo testada em voluntários saudáveis. A Moderna disse na quinta-feira que planeja que o estágio final de testes envolva 30 mil pessoas em julho.

Na pesquisa cujos dados foram divulgados nesta sexta-feira, camundongos de seis semanas de idade receberam uma ou duas doses de uma variedade de tipos da vacina da Moderna, incluindo doses consideradas não muito fortes para disparar uma resposta imunológica. Os pesquisadores expuseram os ratos ao vírus na sequência.

Análises posteriores que buscavam por sinais de aumento da força da doença sugeriram que respostas imunológicas "subprotetoras" não causam o que é conhecido como doença respiratória agravada associada à vacina.

"Doses subprotetoras não sujeitaram os ratos a imunopatologia agravada após a exposição", disse Barney Graham e colegas do Centro de Pesquisa de Vacinas do NIAID na pesquisa publicada no site bioRxiv.

Outros testes também indicaram que a vacina induziu potentes respostas neutralizantes imunológicas, o tipo de resposta necessária para impedir o coronavírus de infectar as células.

A vacina também parece ter protegido contra infecção pelo coronavírus nos pulmões e focinhos dos animais sem evidência de efeitos tóxicos, escreveu a equipe.

Os cientistas escreveram que os camundongos que receberam apenas uma dose da vacina antes de serem expostos ao vírus sete semanas depois ficaram "completamente protegidos contra replicação viral no pulmão", sugerindo que uma única aplicação impediu o vírus de fazer cópias de si mesmo nos pulmões.

"À primeira vista, parece promissora na indução de proteção neutralizante de anticorpos em ratos", escreveu Peter Hotez, pesquisador de vacinas da Baylor College of Medicine, em email. Ele não teve oportunidade de ver a pesquisa em detalhes.

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