Ciência

Vacina da covid-19 baseada em tabaco é testada e pode ter 100 mi doses

A expectativa de empresa canadense é ter a vacina contra o coronavírus o final de 2021

Vacina: empresa canadense produz vacinas com base em plantas (Medicago/Divulgação)

Vacina: empresa canadense produz vacinas com base em plantas (Medicago/Divulgação)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 15 de julho de 2020 às 10h36.

Última atualização em 17 de julho de 2020 às 11h41.

Mais de 160 vacinas contra o novo coronavírus estão sendo desenvolvidas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Dessas, 23 já estão na fase clínica de testes. A maioria segue o mesmo padrão: ou são feitas com o vírus inativado ou com o RNA mensageiro do vírus. Mas a empresa canadense Medicago está seguindo uma linha totalmente diferente e iniciou a fase 1 de testes de uma vacina feita com base em uma planta parente do tabaco.

A fase 1 de testes é a fase inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de suas vacinas em seres humanos. Em um comunicado publicado em seu site, a Medicago afirmou que "está ansiosa para obter resultados positivos de segurança e imunidade já em outubro".

O teste será feito de forma randômica duplo-cega -- tipo de teste mais confiável para a comunidade científica, no qual nem médico nem paciente sabem o que é aplicado -- com 180 voluntários saudáveis, homens e mulheres com idades entre 18 e 55 anos. As doses administradas serão de 3.75, 7.5 ou 15 microgramas.

A expectativa da empresa é produzir 100 milhões de doses até o final de 2021. Segundo a Medicago, a construção de uma fábrica em Quebec, no Canadá, será finalizada em 2023, o que permitirá que mais de 1 bilhão de doses da vacina contra covid-19 sejam produzidas.

A empresa, fundada a partir de uma parceria entre a Universidade de Laval e o Departamento de Agricultura do Canadá, tem atualmente a Mitsubishi Tanabe Pharma como principal acionista e a Philip Morris International como acionista minoritário e já trabalha há 20 anos na produção de vacinas utilizando plantas. Em 2019, a empresa concluiu os estudos fase 3 de uma vacina quadrivalente contra a gripe que utiliza a mesma tecnologia. Esta vacina está atualmente sendo revisada pelas autoridades reguladoras do Canadá.

A planta, chamada Nicotiana benthamiana, é nativa da Austrália e tem um sistema imunológico fraco que a permite guardar o material genético do vírus. A intenção da Medicago é utilizar a planta para produzir partículas parecidas com a do vírus, capazes de serem reconhecidas pelo sistema imunológico e estimularem uma resposta imunológica de maneira não infecciosa.

nicotiana benthamiana tem um sistema imunológico fraco que a permite guardar o material genético do vírus. A intenção da Medicago é usar partículas parecidas com a do vírus cultivadas na nicotina.

Os testes pré-clínicos, segundo a companhia, mostraram níveis altos de anticorpos neutralizantes com apenas uma dose.

Quais são os tipos de vacina contra a covid-19?

Alguns tipos de vacinas têm sido testados para a luta contra o vírus. Uma delas é a de vírus inativado, que consiste em uma fabricação menos forte em termos de resposta imunológica, uma vez que nosso sistema imune responde melhor ao vírus ativo. Por isso, vacinas do tipo tem um tempo de duração um pouco menor do que o restante e, geralmente, uma pessoa que recebe essa proteção precisa de outras doses para se tornar realmente imune às doenças. É o caso da Vacina Tríplice (DPT), contra difteria, coqueluche e tétano. A vacina da Sinovac, por exemplo, segue esse padrão.

Outro tipo de vacina é a de Oxford, feita com base em adenovírus de chimpanzés (grupo de vírus que causam problemas respiratórios), e contendo espículas do novo coronavírus.

As outras vacinas em fases clínicas já avançadas também são baseadas em espículas, mas apresentadas em forma de RNA mensageiro, como as da Pfizer e da Moderna.

Como funcionam as fases de desenvolvimento uma nova vacina?

Fase 1: é a fase inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de suas vacinas em seres humanos

Fase 2: é a fase que tenta estabelecer que a vacina produz sim imunidadcontra um vírus

Fase 3: última fase do estudo, tenta demonstrar a eficácia da vacina. Para que uma vacina seja finalmente disponibilizada para a população, é necessário que essa fase seja finalizada e que a proteção receba um registo sanitário

Fase 4: a vacina é, por fim, disponibilizada para a população.

Fonte: Instituto Butantan

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