Ciência

Vacina até 2021 é algo muito difícil de acontecer, diz Atila Iamarino

O especialista acredita que ter uma vacina contra a covid-19 não significa uma volta rápida à normalidade

Atila Iamarino: (YouTube/Divulgação)

Atila Iamarino: (YouTube/Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 16 de junho de 2020 às 21h39.

Última atualização em 22 de junho de 2020 às 15h53.

Mais de 130 vacinas estão sendo produzidas contra a covid-19 ao redor do mundo. Algumas, mesmo em fases mais avançadas que as outras, como é o caso da Coronavac, feita pela chinesa Sinovac, que está entre as fases um e dois de produção. Segundo a agência Bloomberg, mais de 90% das pessoas que receberam doses da vacina produzida pelo laboratório produziram anticorpos contra a covid-19 num intervalo de 14 dias.

Apesar disso, as expectativas de uma prevenção ser criada ainda em 2020 são baixas e a maioria das companhias aponta que, se tudo der certo, teremos uma até o ano que vem. Para o doutor em microbiologia e divulgador científico, Atila Iamarino, especialista bastante conhecido quando o assunto é o novo coronavírus, uma vacina até o final do ano que vem é "algo muito difícil". Isso porque, segundo ele, a proteção será dada primeiro para profissionais de saúde e posteriormente para parcelas menores da população mundial. "Sinceramente, vejo uma vacina somente em 2022 para que a humanidade volte a funcionar", diz. "E ter uma vacina não significa que a vida voltará ao normal tão cedo", afirma.

Em uma transmissão ao vivo em seu canal no YouTube nesta terça-feira (16), apesar disso, Iamarino afirmou que "em média o processo de produção de vacina dura 10 anos. "Além de ser lento, ele tem uma produção muito cara", diz. "Não necessariamente isso vai acontecer com o coronavírus."

A escolha de alvos de uma vacina, segundo Iamarino, pode levar de um a cinco anos, incluindo o período de testagem em animais. Para ter uma solução rápida para a covid-19, a maioria das empresas pulou essa fase. "As vacinas que estão em teste agora pularam a fase de escolhas de alvo e já estão sendo testadas em humanos, por já estarem sendo desenvolvidas para outra coisa antes", explica.

O biológo acredita que uma vacina efetiva para a SARS-CoV-2 ficará pronta dentro de um período de 12 e 18 meses a partir de hoje, o que segue a previsão de outros profissionais da área, como o . A nível de comparação, a proteção para o vírus do ebola levou cinco anos para chegar até a população.

Os projetos mais promissores, no momento, são os criados pela Sinovac, pela farmacêutica Moderna e pela Universidade de Oxford. O projeto da universidade britânica está na fase 3 de testes. A Moderna anunciou na última semana a liberação para a terceira etapa, que começará em julho. "Os fabricantes estão apostando dinheiro nisso", diz. "Esse é um esforço inédito na produção de qualquer coisa na humanidade. Para a covid-19, qualquer vacina que for feita, será preciso produzir até 5 a 7 bilhões de unidades para todos os seres humanos. Se uma segunda dose for necessária, isso vai ter que dobrar. A escala demanda um outro tipo de preparo o que já indica que, mesmo que ela dê certo e estiver disponível, ainda leva um tempo para ser fabricada e distribuída", continua.

Para Iamarino, de todas as mais de 130 desenvolvidas, segundo números da Organização Mundial da Saúde, quatro são mais promissoras. Sendo elas a chinesa Coronavac, a americana Novavax, a britânica de Oxford. Nesta terça, o presidente da farmacêutica AstraZeneca, que comprou os direitos para produzir as vacinas da Universidade de Oxford, estimou que a proteção poderá durar por até um ano após a aplicação, como acontece com a vacina para a gripe comum. Ele também acredita que, caso as vacinas não deem certo, outras que estão sendo produzidas pelas farmacêuticas Johnson & Johnson e pela MSD podem solucionar o problema.

Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos.

Mais de 8 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus no mundo. O Brasil é o segundo com maior número de doentes, segundo o monitoramento em tempo real da universidade americana Johns Hopkins, com 923.189 casos confirmados e 45.241 mortos.

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