Ciência

Uso de Ozempic está ligado a doença de visão rara, diz estudo

Estudo mostra que pacientes com diabetes que usaram Ozempic têm mais que o dobro de chance de desenvolver uma condição que pode levar à cegueira

 (Ozempic/Divulgação)

(Ozempic/Divulgação)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 14h17.

Última atualização em 13 de dezembro de 2024 às 14h17.

O uso do Ozempic pode estar ligado a uma doença de visão rara, segundo um estudo publicado no medRxiv, ainda não revisado por pares.

A pesquisa, publicada em 11 de dezembro, revelou que pacientes com diabetes que usaram Ozempic têm cerca de duas vezes mais chances de serem diagnosticados com neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NOIA-NA) em comparação com aqueles que tomaram outro tipo de medicamento para diabetes. O estudo confirma achados anteriores e destaca um possível efeito colateral grave vinculado ao medicamento.

A NOIA-NA é uma condição que leva à perda de visão devido a danos no nervo óptico, geralmente causados por fluxo sanguíneo insuficiente. A condição é mais comum em pessoas com mais de 50 anos e pode ser desencadeada por outros fatores de risco, como diabetes, doenças cardíacas e apneia do sono.

Embora a NOIA-NA seja rara na população geral, o estudo constatou que a incidência foi um pouco maior entre os pacientes que usaram Ozempic, com apenas 1,4 casos adicionais a cada 10 mil anos de observação entre os pacientes que tomaram Ozempic, comparados aos que usaram outro medicamento para a doença.

Embora a ocorrência seja baixa, a NOIA-NA é considerada irreversível e sem tratamento, podendo resultar em cegueira permanente. Os pesquisadores enfatizaram a importância de informar os pacientes sobre o possível risco.

Os autores do estudo, que envolveram registros de pacientes da Dinamarca e Noruega, observaram que, embora o risco seja baixo, ele é significativo o suficiente para justificar a cautela.

Apesar disso, a empresa mantém que os benefícios terapêuticos do semaglutido (o princípio ativo de Ozempic e Wegovy) superam os riscos, segundo a Bloomberg. De acordo com a Novo, casos de NOIA-NA foram extremamente raros em seus próprios testes clínicos, e o perfil de risco-benefício de seus medicamentos permanece inalterado.

Às 14h03, no horário de Brasília, as ações da empresa tinham queda de 3,89% na bolsa de Copenhague. Nos Estados Unidos, os ativos da Novo Nordisk caíam 2,56%. 

Segurança do Ozempic

Embora o estudo nórdico sugira um risco adicional relativamente pequeno de NOIA-NA, ele ecoa preocupações anteriores levantadas por um estudo menor realizado por pesquisadores do Massachusetts Eye and Ear, hospital afiliado à Harvard. Esse estudo também havia sugerido uma possível ligação entre Ozempic e NOIA-NA, mas o estudo nórdico indica que o risco adicional pode ser menos significativo do que se pensava inicialmente.

O estudo acompanhou mais de 44 mil usuários de Ozempic na Dinamarca e mais de 16 mil na Noruega de 2018 até meados de 2024 (na Dinamarca) e meados de 2022 (na Noruega). Entre os participantes, foram registrados apenas 32 casos de NOIA-NA.

Embora os resultados sejam preocupantes, eles ainda se baseiam em uma amostra pequena de pacientes, e mais pesquisas são necessárias para determinar se o Wegovy, outro medicamento baseado na semaglutida usado para tratar obesidade, também produzido pela Novo Nordisk, apresenta risco semelhante.

O que é a semaglutida

A semaglutida é um medicamento utilizado no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade, sendo comercializado sob os nomes Ozempic e Wegovy pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk.

Trata-se de um análogo do GLP-1 (glucagon-like peptide-1), um hormônio que desempenha um papel fundamental no controle dos níveis de glicose no sangue. A semaglutida age de várias maneiras para ajudar a regular a glicemia, sendo uma opção terapêutica inovadora para pessoas com diabetes tipo 2 e obesidade.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a semaglutida tem múltiplos mecanismos de ação. Ela estimula a liberação de insulina em resposta à ingestão de alimentos e reduz a produção de glucagon pelo fígado, o que contribui para a diminuição da produção de glicose pelo órgão. Essa ação é fundamental para manter os níveis de glicose no sangue dentro de uma faixa adequada. Além disso, a semaglutida atua no sistema gastrointestinal, retardando o esvaziamento gástrico e promovendo uma sensação de saciedade, o que contribui para a redução do apetite e ajuda no controle de peso.

No contexto do tratamento de diabetes tipo 2, a semaglutida tem se mostrado eficaz na melhora do controle glicêmico, ajudando a prevenir complicações associadas à doença, como doenças cardiovasculares e problemas renais.

No tratamento da obesidade, o Wegovy (a versão de semaglutida para perda de peso) tem se destacado como uma opção promissora, oferecendo benefícios significativos na redução do peso corporal e no controle de condições relacionadas ao excesso de peso, como hipertensão e dislipidemia. Estudos clínicos demonstraram que, quando associado a uma dieta balanceada e à prática de exercícios, o Wegovy pode resultar em uma perda de peso considerável e sustentável, promovendo uma melhora na qualidade de vida dos pacientes obesos.

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