(Pedro Nunes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de julho de 2021 às 16h53.
Última atualização em 23 de julho de 2021 às 17h59.
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que estão desenvolvendo uma possível vacina contra a covid-19 vão pedir à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para iniciar os ensaios clínicos do produto. O dossiê com dados dos testes pré-clínicos está sendo finalizado e deve ser encaminhado ao órgão ainda neste mês.
Os testes clínicos de fases 1 e 2 serão feitos ao mesmo tempo e devem começar em setembro. A fase 1 tem como objetivo avaliar a segurança da vacina e contará com 40 voluntários. A etapa 2 vai reunir de 150 a 300 voluntários e pretende comprovar a eficácia do imunizante, ou seja, se ele induz a geração de anticorpos e de células de defesa específicas contra o novo coronavírus.
O lote do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) para produzir as vacinas que serão usadas nos testes clínicos está sendo produzido na Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos. Segundo a UFMG, nenhuma empresa desenvolve esse tipo de material no Brasil. A remessa deve chegar até setembro, mês em que está previsto o início das fases 1 e 2. Os estudos clínicos devem durar entre três e quatro meses.
Os participantes das próximas fases serão pessoas já vacinadas com as duas doses da Coronavac há pelo menos seis meses. O objetivo será avaliar a capacidade de resposta imunológica do organismo a uma terceira dose de vacina contra a covid. O imunizante brasileiro só estará disponível para a população no ano que vem — se os testes clínicos apresentarem bons resultados. Por isso, ele deve ser usado de forma complementar, quando a população já tiver recebido as duas doses de alguma vacina disponível atualmente.
De acordo com a universidade, os resultados dos testes pré-clínicos foram positivos. A instituição afirma que a candidata a vacina não gerou efeitos colaterais adversos detectáveis e demonstrou a capacidade de produzir anticorpos. O estudo foi feito com camundongos humanizados (cujo sistema imune se comporta de forma semelhante ao do ser humano), hamsters e primatas. Essa é a documentação que servirá de base para o pedido de autorização dos estudos clínicos.
Para desenvolver a fase pré-clínica da vacina, os pesquisadores contaram com financiamento da Rede Vírus do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI). A próxima etapa, de testes clínicos contará com 30 milhões de reais da prefeitura de Belo Horizonte e 3 milhões de reais em emendas parlamentares. Parte desse dinheiro já está sendo usada para elaborar o dossiê e produzir o IFA.
Já a fase 3, onde a vacina costuma ser testada em milhares de pessoas, tem um custo muito mais elevado, estimado em 300 milhões de reais. A UFMG disse que a abrangência dessa etapa ainda está sendo dimensionada, assim como a verba exata necessária para realizá-la.