Tubarão-da-Groenlândia vive 400 anos e explicação está no DNA do animal. (The Shark Museum) (The Shark Museum/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 23 de julho de 2025 às 12h25.
Pesquisadores estão utilizando tubarões como sensores móveis para monitorar o oceano e auxiliar na previsão de furacões no Atlântico. Equipados com sensores nas nadadeiras dorsais, os tubarões são capazes de coletar dados sobre temperatura e outras condições marinhas enquanto nadam, informações que podem ser cruciais para prever a intensidade e o caminho das tempestades.
Esse projeto surge em meio a um momento de redução de recursos e equipe na Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), o que pode comprometer sua capacidade de previsão. Embora os tubarões não substituam os meteorologistas humanos, eles podem fornecer dados adicionais importantes para os modelos de previsão de furacões.
O oceano é vasto e praticamente inacessível para observações diretas. No entanto, ao equipar animais que já habitam essas águas com sensores, é possível transformá-los em "sensores oceânicos", coletando dados constantemente enquanto se movem.
Furacões se formam quando a atmosfera absorve calor da água do mar, fazendo o ar subir e formando nuvens que geram chuvas torrenciais. A medição da temperatura da água em várias profundidades é fundamental para prever a força e o trajeto de um furacão. No entanto, satélites não conseguem monitorar áreas abaixo da superfície do mar, onde muitas vezes se escondem bolsas de água fria que podem enfraquecer as tempestades.
As ferramentas tradicionais, como robôs flutuantes e planadores, são lentas e caras, criando lacunas de dados nas regiões propensas a furacões. Para suprir essa falta, animais como focas e narvais já foram utilizados como sentinelas oceânicas em outras partes do mundo, mas os pesquisadores agora focam nos tubarões para melhorar a coleta de dados no Atlântico.
Os tubarões foram escolhidos por sua velocidade e capacidade de permanecerem ativos por períodos mais longos que os planadores. Em maio deste ano, a equipe de pesquisa iniciou a captura de tubarões mako na costa de São Paulo, usando iscas para atrair os animais. Sensores de temperatura, salinidade e profundidade foram instalados nas nadadeiras dos tubarões, permitindo que os dados fossem transmitidos por satélite sempre que o animal se aproximasse da superfície.
O objetivo das equipes envolvidas no projeto é trabalhar o monitoramento via tubarões em conjunto com os outros métodos para aprimorar os modelos de previsão de furacões.
Embora a sobrepesca tenha colocado diversas espécies de tubarões em risco de extinção, como o mako, os pesquisadores garantem que os sensores não causam grandes danos aos animais.
O projeto é considerado uma "grande prova de conceito", e os cientistas estão focados em minimizar o impacto nas nadadeiras dos tubarões, fazendo todo o possível para garantir seu bem-estar.
Com a coleta de mais dados, a expectativa é melhorar o modelo de previsão de furacões, incorporando dados de novos tubarões, como o tubarão branco e até o tubarão-baleia.