Crianças jogando futebol de areia na praia de Ipanema, Rio de Janeiro, Brasil (Bossa 67 via Wikimedia Commons/Reprodução)
AFP
Publicado em 3 de junho de 2018 às 11h47.
Triplicar a dose de vitamina D em crianças não tem efeito sobre os ossos ou contra doenças infecciosas, de acordo com um grande estudo realizado na Finlândia.
A vitamina D é essencial para a absorção do cálcio. A pele a produz naturalmente quando exposta ao sol, mas a maioria das pessoas tem uma deficiência dessa vitamina, que chega a 40% entre os europeus.
Em crianças em pleno crescimento, essa deficiência pode ter consequências graves, como raquitismo. É por isso que os médicos recomendam suplementos de vitamina D para mulheres grávidas e crianças pequenas.
Mas a dose ideal e o efeito mais geral sobre a saúde permanecem um enigma, na medida em que os estudos realizados ao longo dos anos são contraditórios, não confiáveis, ou inconclusivos.
Um grupo de pesquisadores finlandeses realizou o que descreve como o maior e mais rigoroso estudo a este respeito com crianças de zero a dois anos de idade.
Durante um ano e meio, em 2013 e 2014, eles observaram quase 1.000 bebês saudáveis nascidos em um hospital em Helsinque. Metade deles, selecionados aleatoriamente, receberam uma dose normal de suplemento de vitamina D a cada dois anos, ou seja, 400 unidades internacionais (UI), a unidade de medida de vitaminas. A outra metade recebeu 1.200 UI.
Aos 6, 12 e 24 meses, os pais forneceram um registro listando todas as doenças infecciosas de seus bebês, desde otites até gastroenterites. E aos 2 anos, os pesquisadores mediram a força óssea das crianças.
De acordo com os resultados, publicados nesta terça-feira (29) na revista JAMA Pediatrics, as crianças do grupo "normal" não ficaram mais doentes e seus ossos eram tão fortes quanto os que receberam a dose tripla de vitamina.
"Um suplemento diário de 400 UI de vitamina D3 parece ser suficiente para prevenir a deficiência de vitamina D em crianças com menos de dois anos de idade", concluíram os pesquisadores.
O experimento foi realizado apenas com crianças com pele branca. A pele negra produz naturalmente menos vitamina D. O resultado não deve ser generalizado para crianças com pele mais escura, que podem ter necessidades diferentes.