Coronavírus: doença já deixou mais de um milhão de mortos no mundo todo (CHRISTOPH BURGSTEDT/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
Tamires Vitorio
Publicado em 29 de setembro de 2020 às 12h51.
Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 16h39.
Um antioxidante comum e relativamente barato pode funcionar contra o novo coronavírus. Ao menos é o que aponta um estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) em parceria com cientistas da China. Um remédio feito com base na catalase, segundo os pesquisadores, pode oferecer uma solução terapêutica eficaz contra a hiperinflamação causada pela covid-19. A opção, de acordo com eles, será "de baixo custo"
Para chegar a essa conclusão, o grupo desenvolveu uma droga baseada na catalase e três tipos de testes diferentes foram conduzidos, cada um focado em um sintoma diferente do vírus. A catalase é uma enzima produzida por quase todos os organismos vivos, muitas vezes utilizada como suplemento dietário. Dentro das células, a enzima do antioxidante causa a decomposição do peróxido de hidrogênio.
No primeiro teste, foi demonstrada a capacidade anti-inflamatória da enzima e a habilidade que ela tem em regular a produção das citocinas, que são proteínas produzidas nos glóbulos brancos.
Pesquisas apontam que, em algumas pessoas, o coronavírus faz com que o sistema imunológico entre em colapso logo no começo dos sintomas e causa uma hiper-reação chamada de tempestade de citocina, capaz de prejudicar severamente os pulmões e levar a problemas respiratório sérios e até à morte.
Essa reação exagerada pode acontecer em qualquer idade, mas é menos comum em crianças e adolescentes e acontece quando o corpo humano continua a batalhar contra o vírus mesmo quando ele deixa de ser uma ameaça, liberando essas citocinas até que o corpo chega a um nível exaustivo. No fim, é ela que causa a morte em vez do vírus, atacando diversos órgãos, como os pulmões (muitas vezes severamente afetados pela covid-19) e os rins.
É comum, então, que a tempestade de citocina cause a sindrome de angústia respiratória (Sara) — que pode levar os infectados pelo novo vírus à morte.
No segundo teste, o time mostrou que a catalase pode proteger as célula alveolares (presentes nos pulmões humanos) de prejuízos causados pela oxidação.
O terceiro teste, realizado em macacos-rhesus, mostrou que a catalase foi responsável pela pausa na replicação da covid-19 no organismo do animal sem efeitos colaterais graves ou toxicidade observada.
Outros testes devem ser conduzidos para confirmar a eficácia da medicação.
Nenhuma medicação ou vacina contra o vírus foi aprovada ainda, de modo que todos os tratamentos utilizados até o momento são experimentais.
Para uma vacina ou medicação ser aprovada e distribuída, ela precisa passar por três fases de testes. A fase 1 é a inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de seus medicamentos em seres humanos; a segunda é a fase que tenta estabelecer que a vacina ou o remédio produz, sim, imunidade contra um vírus, já a fase 3 é a última fase do estudo e tenta demonstrar a eficácia da droga.
Uma vacina é finalmente disponibilizada para a população quando essa fase é finalizada e a proteção recebe um registro sanitário. Por fim, na fase 4, a vacina ou o remédio é disponibilizado para a população.
Com isso, as medidas de proteção, como o uso de máscaras, e o distanciamento social ainda precisam ser mantidas. A verdadeira comemoração sobre a criação de uma vacina deve ficar para o futuro, quando soubermos que a imunidade protetora realmente é desenvolvida após a aplicação de uma vacina. Até o momento, nenhuma situação do tipo aconteceu.