Ciência

Trabalhar demais pode estar deixando seu cachorro ansioso — e a ciência explica

Estudo revela que 64% dos donos estressados têm cães que desenvolvem sinais claros de ansiedade, como choramingo, inquietação e cauda encolhida

Cachorros: estresse no trabalho pode impactar diretamente o comportamento dos pets (monkeybusinessimages/Getty Images)

Cachorros: estresse no trabalho pode impactar diretamente o comportamento dos pets (monkeybusinessimages/Getty Images)

Publicado em 26 de maio de 2025 às 08h54.

O estresse no trabalho dos donos pode afetar diretamente o bem-estar dos cães em casa.

É o que revela um estudo da Universidade Radford, nos Estados Unidos, publicado na revista Scientific Reports. A pesquisa indica que quando os tutores levam as tensões profissionais para casa, os cães apresentam mais comportamentos relacionados à ansiedade, como choramingar, inquietação e alterações na postura da cauda.

O levantamento entrevistou 85 tutores de cães e descobriu que há 64% de chance de que um dono mais estressado tenha um cão também mais estressado.

A responsável pela pesquisa, a psicóloga Tanya Mitropoulos, aponta que a transferência emocional ocorre principalmente quando o dono passa a “ruminar” problemas do trabalho durante o tempo livre, mesmo fora do expediente.

Como o estresse humano chega até os cães

O fenômeno é conhecido como contágio emocional. Segundo Mitropoulos, os cães são altamente sensíveis a sinais humanos, como tom de voz, linguagem corporal e até odores que indicam variações emocionais.

Durante o estudo, os participantes responderam a perguntas sobre o quanto se sentiam irritados com o trabalho e com que frequência seus cães demonstravam 11 comportamentos típicos de estresse — como ofegar, encolher o rabo entre as pernas, se apoiar excessivamente em humanos ou emitir sons de lamento.

A análise mostrou que profissões de alta pressão, como gerentes e trabalhadores da área da saúde (que representaram, juntos, mais da metade da amostra), têm maior potencial de transferência de estresse para os animais. Cerca de 13% dos fatores que causam estresse nos cães têm origem direta no trabalho dos donos, segundo o estudo.

Como evitar a “contaminação emocional”

Para reduzir os impactos da vida profissional na saúde emocional dos animais de estimação, os especialistas recomendam:

  • Separar fisicamente o espaço de trabalho e de descanso, principalmente para quem faz home office.

  • Evitar checar e-mails ou continuar trabalhando após o expediente.

  • Praticar exercícios de atenção plena (mindfulness) para evitar a ruminação de pensamentos negativos ligados ao trabalho.

  • Dedicar tempo de qualidade com o animal, especialmente por meio de brincadeiras.

“Brincar com o cão é uma forma eficaz de distrair a mente e oferecer ao pet a atenção que ele precisa”, afirmou Mitropoulos. O simples ato de interagir com o animal já contribui para reduzir o estresse de ambos.

A mensagem central da pesquisa é clara: ao cuidar da própria saúde emocional, o tutor também cuida da saúde mental de seu cão.

Acompanhe tudo sobre:Pesquisas científicasCachorrosAnimais de estimação (pets)

Mais de Ciência

Por que Napoleão foi derrotado na Rússia? Estudo tem novas respostas

IA desenvolve relógio biológico que mede envelhecimento com precisão

Índia investe em 'semeadura de nuvens' para melhorar a qualidade do ar

Meteoro 'bola de fogo' surpreende ao iluminar o céu do Rio Grande do Sul