Malária: vacina registrada pode levar mais dois anos para chegar ao mercado. (Wikimedia Commons)
AFP
Publicado em 15 de fevereiro de 2017 às 22h46.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2017 às 10h02.
Uma vacina contra a malária, que imita a picada de um mosquito infectado, forneceu proteção de até 100% por dez semanas em um ensaio clínico com humanos, disseram seus fabricantes nesta quarta-feira.
Uma versão mais recente da vacina PfSPZ exigiu menos doses e uma dose mais baixa de parasitas vivos da malária do que as versões testadas anteriormente, relataram os fabricantes na revista científica Nature.
"Estamos extremamente encorajados por essas descobertas", disse Stephen Hoffman, da desenvolvedora de vacinas Sanaria, sediada no estado americano de Maryland.
Mas ele ressaltou que há muito trabalho pela frente, e que uma vacina registrada pode levar mais dois anos para chegar ao mercado.
A vacina experimental, chamada PfSPZ-CVac, usa uma forma viva e imatura do parasita da malária, chamada de esporozoíto, para estimular uma reação imune em seres humanos.
Em uma versão anterior da vacina, os esporozoítos foram expostos à radiação para enfraquecê-los antes de serem injetados na corrente sanguínea.
Nesse experimento, relatado em 2013, os participantes do ensaio receberam cinco doses, cada uma com 135.000 esporozoítos, ou três doses com até 1,8 milhão de esporozoítos no total.
A dose mais elevada proporcionou 100% de imunidade a seis voluntários.
No ensaio mais recente, os voluntários receberam apenas três injeções em um período de oito semanas ou 10 dias em um laboratório alemão, com doses de esporozoítos variando de 3.200 a 51.200 por dose.
Todos os nove voluntários do grupo da dose alta receberam proteção contra a malária por 10 semanas após a última dose.
"A capacidade de completar um regime de imunização em 10 dias facilitará o uso da PfSPZ-CVac em programas de vacinação em massa para eliminar o parasita da malária e prevenir a doença em viajantes", disse Hoffman em um comunicado.
A razão pela qual menos esporozoítos foram requeridos desta vez é que eles não foram irradiados antes da injeção, explicou.
Em vez disso, a vacina foi administrada em conjunto com um fármaco usado no tratamento da malária, a cloroquina, para impedir os parasitas de causarem doenças uma vez que estão no corpo humano.
A vacina está sendo desenvolvida contra o parasita Plasmodium falciparum, de longe o tipo mais letal.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em 2015 foram registrados 212 milhões de casos de malária e 429.000 mortes.
Mais de 90% das mortes ocorrem na África.
Os desenvolvedores da PfSPZ buscam uma eficiência de cerca de 80-90% de proteção durando de seis meses a um ano, disse Hoffman, o que tornaria a vacina ideal para as pessoas que viajam para áreas de malária.