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Tabela periódica completa 150 anos sem deixar de ser atual

A empreitada de Mendeleev para organizar uma tabela começou em 1860

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EFE

Publicado em 1 de fevereiro de 2019 às 15h39.

Reconhecida internacionalmente como um instrumento que facilita o estudo da química, seja entre estudantes ou profissionais, a tabela periódica de elementos criada pelo cientista russo Dmitri Ivanovich Mendeleev completa 150 anos com direito a um ano inteiro internacionalmente destinado a ela.

"A tabela periódica é o alfabeto da química que, por sua vez, é o alfabeto da vida", afirmou à Agência Efe o presidente da Real Sociedade Espanhola de Química, Antonio Echavarren, que participa nesta terça-feira do lançamento do Ano Internacional da Tabela Periódica, em Paris, criado pela Organização das Nações Unidas.

Debates, congressos, exposições e várias atividade serão realizadas para enaltecer este importante instrumento da pesquisa científica e o seu criador.

"Todas as ciências têm seus heróis. A biologia tem Darwin, a física tem Einstein, e a química, entre outros, Mendeleev, que é um dos mais importantes", explicou Echevarren.

A empreitada de Mendeleev para organizar uma tabela começou em 1860 na cidade de Karlsruhe, na atual Alemanha, durante um congresso de química que tentava dar uma terminologia clara aos elementos. Na ocasião, ele percebeu que existiam padrões de comportamento em função do peso químico, o que permitiu estabelecer uma ordem. E foi além. Percebeu que, nesses padrões, havia lacunas que respondiam a elementos que ainda não tinham sido descobertos.

A partir disso, estabeleceu um sistema de ordenação em uma tabela que deixava aberta a porta para a incorporação de novos elementos. Até então desconexa, a química tinha encontrado um caminho para poder basear seus trabalhos.

Então aos 35 anos, o cientista, que nasceu na Sibéria e viveu quase toda a vida em São Petersburgo, na Rússia, não podia imaginar que sua invenção fosse se tornar essencial para a química. Quando foi elaborada, 63 elementos eram conhecidos, mas logo sua flexibilidade se revelou muito útil, já que novas inserções ocorreram.

Quase seis anos depois de sua criação, como previu o russo, entrou o Gálio (Ga). Em 1879, foi descoberto o Escândio (Sc), e oito anos depois, o Germânio (Ge).

"A tabela foi ganhando forma até se transformar em um instrumento icônico de grande valor. Ela é fundamental para conhecer mais de perto os instrumentos da matéria", disse à Efe o pesquisador do Instituto de Química Orgânica Geral do Centro Espanhol de Pesquisas Científicas, Bernardo Herradón.

Para ele, a tabela periódica é a maior contribuição da química à cultura da humanidade e pode ser comparada aos números da escola pitagórica da Grécia clássica.

A Ciência já identificou 94 elementos encontrados de forma natural na Terra. Mas, desde que a radiação artificial foi descoberta, na década de 40, ela parou de trabalhar na incorporação de outros.

A busca é complexa e precisa de um forte esforço financeiro, por isso só quatro instituições no mundo, localizadas nos Estados Unidos, na Rússia, na Alemanha e no Japão, trabalham em novos elementos. Os quatro últimos foram validados em novembro de 2016: Nihonium (Nh), Moscovio (Mc), Téneso (Ts) e Oganesson (Og), mas já existam indícios de que o elemento 119 e o elemento 120 estejam prontos para serem reconhecidos.

A fronteira, mais uma vez, está no espaço. Considera-se que a tabela de Mendeleev contenha apenas 5% dos elementos, já que os demais estão no Universo em forma de energia ou matéria escura, ainda não descobertas.

A Assembleia Geral da ONU declarou 2019 como o Ano Internacional da Tabela Periódica e encarregou à sua agência para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) a gestão, que será canalizada através de uma série de atividades a partir de hoje.

"O objetivo passa por mostrar a importância da tabela periódica nos avanços científicos, mas também em promover a Ciência entre os jovens e divulgar o trabalho dos pesquisadores, em especial o das mulheres", afirmou à Efe a diretora da Divisão de Políticas Científicas da Unesco, Peggy Oti-Boateng. EFE

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