Imagem divulgada em 2009 pela Agência Espacial Européia (ESA) mostra o céu mapeado pelo satélite Planck. (ESA/Getty Images)
Laura Pancini
Publicado em 26 de novembro de 2020 às 12h36.
Uma equipe internacional de cientistas sugere que a expansão acelerada do universo pode estar sendo potencializada por uma substância misteriosa chamada “quintessência”.
A hipótese pode ser um novo passo em direção ao entendimento do que é a matéria escura, força que os físicos acreditam estar por trás da velocidade crescente da expansão do universo.
A nova teoria foi proposta por pesquisadores da Organização de Pesquisa de Aceleradores de Alta Energia (KEK), no Japão, e do Instituto Max Planck, na Alemanha.
Para testar a teoria, os pesquisadores postularam que a quintessência afetaria a luz ao se espalhar pelos cosmos. Por consequência, ela mostraria campos elétricos de luz polarizada "balançando" em direções específicas, ao invés de em qualquer direção.
Esse balanço é exatamente o que os cosmólogos do KEK e do Instituto Max Planck afirmam ter feito, de acordo com artigo publicado no Physical Review Letters.
Ao observar dados de radiação cósmica de fundo em micro-ondas (Cosmic Microwave Background, ou CMB) da Agência Espacial Europeia, descobertos na missão Planck, os pesquisadores foram capazes de identificar sinais de quintessência usando uma técnica inteiramente nova.
Apesar das descobertas, os físicos alertam que as evidências estão longe de serem concretas. Segundo eles, uma quintessência não é uma propriedade inerente do espaço. Se a matéria escura fosse de fato isso, sua densidade cairia conforme a expansão da galáxia.
"Acho que devemos analisar tudo com muito cuidado antes de nos exaltarmos", diz o físico teórico, Marc Kamionkowski. Ele acrescenta que a existência da quintessência teria implicações até na física fundamental, já que o modelo padrão da física não prevê nenhum tipo de substância como essa.
As primeiras descobertas de que uma substância desconhecida poderia estar acelerando a expansão cósmica surgiram em 1998. Diversos outros estudos confirmaram a presença dessa força com o passar dos anos, nomeando-a de matéria escura, mas forneceram poucas informações sobre sua natureza.
Caso a teoria da quintessência seja comprovada, ela pode levar a revisão de estimativas fundamentais das características do universo, como sua idade, que pode ser um pouco mais jovem do que 13,8 bilhões de anos.
Ela também pode explicar porque os dados CMB preveem que o universo está se expandindo de uma maneira mais rápida do que esperado.