Brasil

Soro anticovid não é tratamento precoce. Entenda

Além da vacina, o Instituto Butantan desenvolve um soro capaz de acelerar o processo de recuperação de pessoas com a covid-19

Coronavírus (Yuichiro Chino/Getty Images)

Coronavírus (Yuichiro Chino/Getty Images)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 27 de março de 2021 às 08h15.

Última atualização em 25 de maio de 2021 às 16h27.

Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou os testes em seres humanos do soro contra a covid-19, desenvolvido pelo Instituto Butantan. O estudo vai avaliar se ele é seguro no tratamento do coronavírus. Indicado apenas para pessoas que foram infectadas, não se trata de um tratamento precoce, vacina ou mesmo de uma cura da doença. 

O soro é produzido com anticorpos contra o coronavírus que são retirados do plasma de cavalos que tiveram contato com o vírus. Diferentemente de uma vacina, que age de forma preventiva, ou seja, antes das pessoas se infectarem, o soro funciona em quem está doente, como explica a doutora em microbiologia e presidente do Instituto Questão de Ciência, Natália Pasternak.

“Ele ajuda o corpo a combater a doença com anticorpos, que podem ser produzidos em outros seres humanos ou em animais, como cavalos por exemplo. E você vai receber os anticorpos prontos. Então além daqueles que você mesmo gera, vai receber um pouquinho mais”, detalha Pasternak.

O médico José Rocha Faria Neto, professor do Centro de Epidemiologia e Pesquisa Clínica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), diz que o ideal é que o soro seja administrado entre 48 e 72 horas após os primeiros sintomas da covid-19.

“Este tratamento é similar ao que foi usado com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele usou o medicamento chamado Regeneron que contém anticorpos contra a covid-19”, explica o médico. Em janeiro, o laboratório divulgou que o remédio conseguiu reduzir em 100% as infecções sintomáticas e diminuiu em até 50% as taxas totais de transmissão da doença. Isso só foi possível porque ele reduz a carga viral da pessoa infectada.

José Rocha Faria Neto ainda explica que o soro é mais indicado para pessoas com um potencial agravamento da covid-19, como os idosos. Além disso, o médico precisa administrar outros medicamentos para ajudar o próprio corpo a combater a infecção. Os mais comuns são anti-inflamatórios, corticoides e, em casos mais graves, anticoagulantes. 

A cientista Natália Pasternak lembra também que o soro não é um tratamento precoce porque só é capaz de ajudar o sistema imunológico a combater o coronavírus de quem está infectado. A própria Anvisa já disse em diversos momentos que atualmente não há medicamentos capazes de impedir a contaminação pelo coronavírus.

“É uma ajuda para o seu sistema imune que não está conseguindo dar conta sozinho. Os outros medicamentos que são administrados nos hospitais também auxiliam, mas não resolvem a doença, e principalmente não acabam com a pandemia. O soro trata apenas o indivíduo”, diz.

Além do soro, o Butantan também desenvolve uma rede para distribuir plasma, obtido a partir do sangue de pessoas que tiveram a covid-19, para tratamento de pacientes com a doença. A ideia é basicamente a mesma, a diferença é que os anticorpos são coletados de seres humanos que foram infectados. Neste momento, a instituição ligada ao governo paulista está recrutando pessoas que possam doar o plasma.

“O objetivo do plasma é transferir ao paciente anticorpos de maneira passiva, até que o organismo afetado tenha tempo de reagir e montar a sua resposta imune. Trata-se de uma vacina instantânea, uma forma de tratamento que pode ser usada em meio à pandemia”, explicou Dimas Covas, diretor do Butantan, em entrevista coletiva na sexta-feira, 26.

Acompanhe tudo sobre:AnvisaCoronavírusInstituto ButantanPandemiavacina contra coronavírus

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas