Asteroide: no espaço desde 2014, a sonda Hayabusa2 custou 270 milhões de dólares (Go Miyazaki/Wikimedia Commons)
AFP
Publicado em 10 de julho de 2019 às 10h53.
A sonda espacial japonesa Hayabusa2 deve realizar na quinta-feira o ponto culminante de sua missão iniciada em 2014: pousar na cratera criada artificialmente no asteroide Ryugu para extrair amostras de seu subsolo.
A Hayabusa2 recebeu nesta quarta-feira a aprovação da Agência de Exploração Espacial Japonesa (Jaxa) para iniciar a descida.
A sonda, que orbita geralmente a 20 km do asteroide, deve pousar pela segunda vez no corpo celeste, ao redor do qual se encontra há vários meses, para coletar amostras de poeira de seu subsolo.
A Hayabusa2 lançou em abril um "impactador" que, ao provocar uma explosão perto do asteroide, gerou uma grande cratera.
As fotos feitas da cratera permitem observar uma matéria empoeirada "claramente diferente". "Estou impaciente para analisá-la", declarou Makoto Yoshikawa, um dos diretores da missão da Jaxa.
Cientistas acreditam que o Ryugu tem grandes quantidades de matéria orgânica e água de quase 4,6 bilhões de anos, quando se formou o sistema solar.
"Será o segundo pouso, mas isto não muda nada. O primeiro, o segundo, sempre é um desafio", disse Yuichi Tsuda, outro diretor do projeto.
Em fevereiro, a sonda conseguiu pousar brevemente sobreo asteroide Ryugu para coletar poeira de sua superfície.
A segunda tentativa, prevista para quinta-feira, apresenta uma possibilidade maior de risco: um acidente e perda das mostras da superfície recolhidas no pouso anterior.
Este é o último desafio da ambiciosa missão antes do retorno à Terra da sonda, em 2020.
A aventura da Hayabusa2, com o custo aproximado de 30 bilhões de ienes (270 milhões de dólares), começou em 3 de dezembro de 2014, quando a sonda iniciou uma viagem de 3,2 bilhões de quilômetros para chegar ao Ryugu, a uma distância média de 340 milhões de quilômetros da Terra, pois é impossível seguir em linha reta.
Foram necessários três anos e 10 meses para chegar ao destino. Em junho de 2018 se estabilizou perto do Ryugu, um asteroide de 900 metros de diâmetro, muito antigo e que data da formação do sistema solar.
A sonda deixou em outubro sobre sua superfície um pequeno robô de fabricação franco-alemã, Mascot, que trabalhou durante mais de 17 horas para analisar a composição do corpo rochoso e primitivo.
O objetivo era ter uma compreensão melhor da formação do sistema solar, assim como "o surgimento da vida na Terra", segundo a Jaxa.
A agência japonesa já enviou anteriormente uma missão similar (Hayabusa) ato asteroide Itokawa, o que permitiu coletar poeira deste pequeno corpo celeste.
A sonda americana Osiris-Rex da Nasa se encontra atualmente no entorno do asteroide Bennu, de apenas 490 metros de diâmetro.
Um contato físico está previsto entre ambos, mas a operação é considerada complexa devido à superfície abrupta do corpo celeste. Em 2023, Osiris-Rex deve retornar à Terra com mostras espaciais de Bennu.