Ciência

Sonda chinesa posiciona antenas para "ouvir Big Bang" da face oculta Lua

Detectar ondas de baixa intensidade no satélite natural da Terra é um sonho para os astrônomos de todo o mundo

Lua cheia vista durante eclipse lunar no céu de Frankfurt, Alemanha. (KAI PFAFFENBACH/Reuters)

Lua cheia vista durante eclipse lunar no céu de Frankfurt, Alemanha. (KAI PFAFFENBACH/Reuters)

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EFE

Publicado em 15 de janeiro de 2019 às 16h50.

A sonda chinesa Chang'e 4 desdobrou três antenas de cinco metros a partir de sua posição na face oculta da Lua para tentar captar ondas de baixa frequência que "poderiam ajudar a revelar como era o universo logo depois do Big Bang", publicou o jornal de Hong Kong, "South China Morning Post".

Essas antenas captam ondas que os aparelhos na Terra não conseguem detectar devido ao bloqueio exercido pela atmosfera do planeta.

"A face oculta da Lua é muito silenciosa, já que não há barulho de satélites artificiais", garantiu o subdiretor do Centro de Ciência Espacial da China, Zou Yongliao, citado pelo jornal de Hong Kong.

"Detectar ondas de baixa intensidade dali (a face oculta da Lua) é um sonho para os astrônomos de todo o mundo", explicou Zou.

Depois do Big Bang, foram geradas ondas de baixa frequência quando se formaram as primeiras estrelas e galáxias, segundo astrônomos mencionados pelo jornal.

Outro equipamento com antenas deste tipo, desenvolvidas de forma conjunta entre Holanda e China, está integrado no satélite "espelho" Queqiao, que faz a conexão entre a face oculta da Lua e os centros de controle na Terra.

O cientista responsável pelo projeto de ondas e pesquisador dos Observatórios Astronômicos da China, Ping Jinsong, indicou que os dois grupos de antenas foram desenvolvidos para funcionar por vários anos, inclusive depois do final previsto da missão Chang'e 4, daqui a três anos.

Segundo Ping, as antenas também têm capacidade para captar uma parte do espectro da luz do Sol que não foi estudada anteriormente, o que poderia resultar em informações que serviriam para prever tempestades solares que podem ameaçar a Terra.

"Cada descobrimento que esses receptores de ondas de rádio na Chang'e 4 fizerem pode complementar o que sabemos do universo originário", assinalou Ping.

Além disso, a Administração Nacional do Espaço da China (ANEC) publicou hoje uma fotografia panorâmica de 360 graus feita por uma câmera instalada o módulo lunar da Chang'e 4.

Nela é possível ver a superfície lunar - de tons cinzentos e cheia de crateras - circundante à sonda, assim como o veículo explorador e o rastro deixado pelo mesmo.

Segundo a agência estatal de notícias "Xinhua", vários cientistas fizeram uma análise preliminar do terreno observado na imagem.

A Chang'e 4 está composta por um módulo de alunissagem e um veículo explorador, que foi batizado Yutu 2. Na mitologia chinesa, "Yutu" significa "coelho de jade", o animal de estimação de Chang'e, a deusa que vive na Lua.

A sonda levou pouco menos de um mês para chegar a seu destino: foi lançada em 8 de dezembro, entrou em órbita lunar quatro dias depois e efetuou sua alunissagem no último dia 3 às 10h26 no horário da China (0h26 em Brasília).

O programa Chang'e começou com o lançamento de uma primeira sonda em 2007 e, desde então, já levou mais quatro aparatos ao único satélite natural da Terra.

O objetivo final do programa é realizar uma missão tripulada à Lua, mas não há uma data estipulada para isto e alguns analistas acreditam que ela pode acontecer por volta de 2036.

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