Ciência

Sintomas graves de covid-19 podem estar ligados ao tipo sanguíneo

Estudos mostram que pessoas com tipo O podem ser menos suscetíveis à doença, enquanto pacientes A e AB têm mais risco de desenvolver sintomas graves

Dois estudos apontam que pacientes com tipo A, B e AB são mais suscetíveis à doença (Wolfgang Rattay/REUTERS/Reuters)

Dois estudos apontam que pacientes com tipo A, B e AB são mais suscetíveis à doença (Wolfgang Rattay/REUTERS/Reuters)

KS

Karina Souza

Publicado em 14 de outubro de 2020 às 20h26.

Última atualização em 14 de outubro de 2020 às 21h05.

Com foco em identificar uma relação entre tipos sanguíneos e contaminação por covid-19, dois estudos concluídos recentemente sugerem que pessoas do tipo O podem ter risco mais baixo de desenvolver formas graves da doença, enquanto as que têm A e AB teriam mais chance de ter sintomas severos.

A conclusão foi publicada hoje na revista Blood Advances, da Sociedade Americana de Hematologia e foi obtida a partir de dois estudos. Um deles compara os dados de saúde de 473.000 pessoas testadas na Dinamarca com as informações de outras 2,2 milhões de pessoas. Entre os pacientes que testaram positivo, os pesquisadores encontraram menos pessoas com tipo sanguíneo O e mais pessoas com tipos A, B e AB. Para garantir a segurança do estudo, os pesquisadores também fizeram um controle por etnias apresentadas, uma vez que a prevalência de tipos sanguíneos pode variar consideravelmente em diferentes grupos e países.

"Temos a vantagem de um grupo de controle forte — a Dinamarca é um país pequeno e etnicamente homogêneo com um sistema de saúde público e um registro central para dados de laboratório —, então nosso controle é baseado na população, dando aos nossos resultados uma base sólida", afirmou o autor do estudo, Torben Barington, MD, do Odense University Hospital e da University of Southern Denmark.

 

 

Os resultados são reforçados por outro estudo, feito com base em dados de 95 pacientes com covid-19 com sintomas graves, hospitalizados em Vancouver. No material, pesquisadores também apontaram que pacientes com grupos sanguíneos A ou AB eram mais propensos a precisar de ventilação mecânica, sugerindo que eles tinham maiores taxas de lesão pulmonar causada pela doença.

"Observamos esses danos nos pulmões e nos rins e, em estudos futuros, queremos investigar o efeito da relação entre grupo sanguíneo e covid-19 em outros órgãos vitais", afirma o autor do estudo Mypinder S. Sekhon, MD, da University of British Columbia. "Agora, temos uma ampla gama de sobreviventes que estão saindo da parte aguda da contaminação, mas precisamos explorar os mecanismos para identificar riscos de efeitos de longo prazo”.

No Brasil, ainda não há estudos publicados com conclusões semelhantes. Ao todo, o país soma 151.779 óbitos pela doença e mais de 5 milhões de casos confirmados. Nesta quarta-feira, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou que a última fase de testes da vacina chinesa será concluída até a próxima sexta-feira, 16. Com este cronograma, o governo mantém a data prevista para o início da campanha de imunização, no dia 15 de dezembro.

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