Ciência

Segundo a Nasa, 2020 foi um dos anos mais quentes da década

2020 empatou com 2016 como o ano mais quente de todos. Reduções na emissão de carbono por conta da pandemia não foram suficientes para diminuir aquecimento global

Calor: 2020 empatou com 2016 (Mike Blake/Reuters)

Calor: 2020 empatou com 2016 (Mike Blake/Reuters)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 15 de janeiro de 2021 às 14h28.

O ano de 2020 foi um dos mais quentes da década, empatando com 2016, segundo uma análise feita pela agência espacial Nasa. As altas temperaturas experimentadas no ano passado seguem uma tendência recorrente nos últimos sete anos por conta do aquecimento global.

"Os últimos sete anos foram os mais quentes na história, mostrando a tendência dramática das mudanças climáticas. Se um ano foi um recorde ou não, não é importante --- o que importa é o que acontece a longo prazo", afirmou Gavin Schmidt, diretor do Goddard Institute for Space Studies, área da agência espacial que analisa o clima da Terra.

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Outra análise feita pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) concluiu que 2020 foi o segundo ano mais quente de todos, atrás também de 2016. Ambos os estudos utilizam a mesma base de dados, mas com um período diferente de coleta de informações --- a Nasa observa as mudanças nas regiões polares, já a NOAA, não.

O aquecimento de 2020, segundo as pesquisas, aconteceu por conta dos fogos na Austrália, onde 46 milhões de acres de terra foram queimados, o que liberou fumaça e outras partículas a mais de 18 milhas na atmosfera, bloqueando a luz do sol e, provavelmente, esfriando a atmosfera.

Por outro lado, o distanciamento social e o lockdown adotado em determinadas cidades do mundo por conta da pandemia do novo coronavírus reduziu a poluição em diversas áreas, bem como a emissão de dióxido de carbono (CO2) --- que continuou a aumentar, uma vez que o aquecimento global está ligado a emissões cumulativas.

Outra fonte muito importante para a variação nas temperaturas globais vem da El Niño Oscilação Sul (ENSO, na sigla em inglês), ciclo de calor trocado entre a atmosfera e o oceano --- 2020 terminou em uma fase mais fria da ENSO, mas começou mais quente, o que interferiu no aumento da temperatura média. É esperado, segundo os pesquisadores, que o frio tenha uma influência maior em 2021.

"O outro recorde de ano quente, 2016, teve bastante interferência de uma forte oscilação El Niño. A falta de uma assistência similar em 2020 é evidência de que o clima continua a aquecer por conta dos gases do efeito estufa", afirmou Schmidt.

Segundo ele, é provável que, por conta do impacto humano, outros recordes serão batidos nos próximos anos. Desde o final do século 19, por exemplo, a temperatura do nosso planeta já aumentou mais de 1,2º C.

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