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Seca no Sudeste pode durar 30 anos, aponta especialista

Especialista em meteorologia mostra que o cenário da atual seca na região pode durar por mais 30 anos, de acordo com ciclos climáticos


	Seca em São Paulo: os períodos de seca mais amplos podem se repetir no ano que vem
 (Divulgação/Sabesp)

Seca em São Paulo: os períodos de seca mais amplos podem se repetir no ano que vem (Divulgação/Sabesp)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2015 às 17h28.

São Paulo - O cenário da atual seca no Sudeste, que passa pela pior crise hídrica dos últimos 85 anos, pode durar por 30 anos mais, segundo afirmou neste sábado um especialista em meteorologia.

O meteorologista e sócio da empresa de consultoria especializada Somar Meteorologia, Paulo Ethichury, explicou à Agência Efe que o clima atual no país obedece a um ciclo de esfriamento do Oceano Pacífico nos últimos anos, que se opõe às décadas de 1980, 1990 e 2000, quando o clima era mais quente.

O início do ano assustou, em termos climáticos, a agroindústria, com um atraso do cultivo da soja e perspectivas de queda da produtividade em outras matérias-primas agrícolas, como o café.

Segundo Ethichury, os períodos de seca mais amplos podem se repetir no ano que vem.

"A atual fase é a mesma que vivemos nos anos 1940, também com menores volumes de chuva. Trata-se de um novo ciclo, também chamado de "interdecadal", no qual estamos voltando para esta fase seca", assinalou o especialista, que aponta que os ciclos têm intervalos, às vezes, de 30 anos.

De acordo com Ethichury, é "um ciclo que traz um comportamento climático de padrão mais seco".

"Isso significa que, por exemplo, antes se cultivava milho em ciclos de 130 a 140 dias e hoje esses cultivos são feitos entre 100 e 105 dias para que sejam mais efetivo na época de chuvas", destacou Ethichury.

A crise hídrica do sudeste deixou em alerta os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e, principalmente, São Paulo.

O sistema Cantareira, que abastece 6,5 milhões de pessoas, um terço da região metropolitana de São Paulo, já utilizou as duas cotas do chamado "volume morto", uma reserva técnica adicional dos reservatórios.

As chuvas de fevereiro e março, que superaram a média para esses meses, elevaram parte dos níveis das reservas, mas não o suficiente para melhorar a situação.

A 3ª Conferência da Agroindústria, da qual participaram na semana passada centenas de empresários e executivos do setor, expressou a preocupação pelo atual cenário climático do país, que também pode afetar a geração de energia.

"Sabemos que está chovendo, mas chove menos e por isso estamos com problemas nos reservatórios. O calendário agrícola torna-se, então, menor", acrescentou o meteorologista.

O aquecimento pelo fenômeno do El Niño, segundo Ethichury, ameniza em parte os efeitos do esfriamento do Pacífico, mas a formação de chuvas foi insuficiente e a previsão é similar para os próximos anos.

"Sem alarmismo, trata-se de um momento de adequação na alternância de períodos ou décadas mais ou menos chuvosas", concluiu Ethichury.

Por outro lado, o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Mauricio Antônio Lopes, a seca ajudou a incorporar novas tecnologias e a fomentar a produção de transgênicos no país.

Lopes concordou com Ethichury sobre o fato de que "há uma tendência muito forte na agricultura de produzir com ciclos mais curtos", principalmente pela falta de chuvas e de abastecimento de água para os cultivos de soja, milho, algodão e feijão.

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