Ciência

Rússia vai testar vacina em 40 mil pessoas a partir da próxima semana

A "Sputnik 5" recebeu pedidos globais de até 1 bilhão de doses, apesar das dúvidas da comunidade científica internacional sobre sua eficácia e segurança

Rússia inicia teste em massa da vacina contra a covid-19 (Fundo de Investimento Direto Russo/Divulgação/Reuters)

Rússia inicia teste em massa da vacina contra a covid-19 (Fundo de Investimento Direto Russo/Divulgação/Reuters)

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Reuters

Publicado em 20 de agosto de 2020 às 11h46.

Última atualização em 20 de agosto de 2020 às 11h51.

Testes em massa da potencial vacina russa contra covid-19, a primeira a obter aprovação regulatória de um órgão nacional, envolverão mais de 40 mil pessoas e serão supervisionados por um comitê estrangeiro de pesquisa quando começarem na próxima semana, disseram apoiadores do projeto nesta quinta-feira.

Esses foram os primeiros detalhes sobre a forma e a proporção do ensaio em estágio avançado da vacina de acordo com seus desenvolvedores, que pretendem afastar as preocupações de alguns cientistas sobre a falta de dados fornecidos pela Rússia até agora.

A vacina, chamada de "Sputnik 5" em homenagem ao primeiro satélite do mundo lançado pela União Soviética, foi recebida como segura e eficaz pelas autoridades e cientistas russos após dois meses de testes em humanos em pequena escala, cujos resultados ainda não foram tornados públicos.

No entanto, especialistas ocidentais têm sido mais céticos, alertando contra o uso até que todos os testes sejam aprovados internacionalmente e as medidas regulatórias, tomadas e provadas como um sucesso.

"Uma série de países está travando uma guerra de informação contra a vacina russa", disse Kirill Dmitriev, chefe do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), que está apoiando a vacina.

Os dados da imunização serão publicados em um jornal acadêmico no final deste mês, afirmou ele.

A Rússia recebeu pedidos globais de até 1 bilhão de doses e tem capacidade para produzir 500 milhões de doses por ano por meio de parcerias de fabricação, acrescentou.

Um diretor do Instituto Gamaleya, de Moscou, que desenvolveu a vacina, disse que 40 mil pessoas estariam envolvidas no teste em massa em mais de 45 centros médicos na Rússia.

Os dados estão sendo fornecidos à Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmou Dmitriev, e a vários países que estão considerando participar do estudo em estágio avançado, incluindo Emirados Árabes Unidos, Índia, Brasil, Arábia Saudita e Filipinas.

No Brasil, o governo do Estado do Paraná assinou um memorando de entendimento com a Rússia que pode levar a uma parceria envolvendo a vacina.

A Sputnik 5 já recebeu a aprovação dos reguladores russos, levando o presidente Vladimir Putin e outras autoridades a nomear a Rússia como o primeiro país a licenciar uma vacina para a Covid-19.

O registro ocorreu, entretanto, antes do início do ensaio em grande escala, comumente conhecido como ensaio de Fase 3, considerado por muitos como um precursor necessário para o registro. Pelo menos quatro outras vacinas em potencial para a Covid-19 estão atualmente em testes de Fase 3 em todo o mundo, de acordo com os registros da OMS.

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