Ciência

Rússia envia ao espaço seu primeiro robô humanoide

Com 1,80 de altura, 160 quilos e redes sociais, o Skybot F850 vai passar um período na Estação Espacial Internacional para testar sua capacidade no espaço

Robôs: a Nasa enviou ao espaço em 2011 um robô humanoide chamado Robonaut 2 (AFP/AFP)

Robôs: a Nasa enviou ao espaço em 2011 um robô humanoide chamado Robonaut 2 (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 22 de agosto de 2019 às 17h22.

A Rússia enviou ao espaço nesta quinta-feira Fedor, seu primeiro robô humanoide, que deve passar um período na Estação Espacial Internacional (ISS) como um experimento para o uso deste tipo de máquina na exploração espacial.

"Vamos! Vamos!", afirmou o robô em russo no momento da decolagem, recordando a famosa expressão de Yuri Gagarin durante a primeira viagem espacial do homem em 1961.

Fedor, que tem o número de identificação Skybot F850, decolou às 6H38 de Moscou (0H38 de Brasília), a bordo de um foguete Soyouz, lançado da base russas de Baikonur, no Cazaquistão.

Em outro vídeo divulgado pela agência espacial Roscosmos o robô aparece a bordo da nave espacial com uma pequena bandeira russa na mão.

Fedor deve, a princípio, chegar à ISS no sábado e permanecer na estação até 7 de setembro.

O foguete utilizado no lançamento está equipado com um novo sistema de controle digital e motores de última geração.

O robô, com corpo antropomórfico prateado, mede 1,80 metro e pesa 160 quilos. Fedor é um nome russo (Feodor) e também uma sigla em inglês: "Final Experimental Demonstration Object Research".

Fedor tem contas nas redes sociais Instagram e Twitter, nas quais divulga informações sobre sua vida diária e suas proezas, como aprender a abrir uma garrafa de água.

A bordo da ISS, o robô vai participar em diferentes atividades, sob a supervisão do cosmonauta russo Alexander Skvortsov, que chegou à Estação Espacial Internacional no mês passado.

Fedor deve testar suas capacidades em condições de gravidade muito reduzida. Uma de suas principais habilidades é imitar os movimentos humanos e, desta maneira, poderá ajudar os astronautas a cumprir suas tarefas.

"Deverá fazer cinco ou seis tarefas, que são secretas", afirmou na quarta-feira Yevgueni Dudorov, executivo da empresa que criou Fedor.

As operações o obrigarão a manejar uma chave de fenda e outras chaves, afirmou Alexander Bloshenko, diretor de programas da agência espacial russa, Roscosmos, em uma entrevista ao jornal Rossiyskaya Gazeta.

Em abril de 2017, um vídeo transmitido pela mídia russa mostrou um protótipo de Fedor que disparava contra um alvo com uma arma em cada mão.

Moscou então se defendeu de querer "criar um Exterminador", embora tenha reconhecido que "a robótica de combate é a chave para a criação de máquinas inteligentes".

Missões arriscadas

Fedor não é o primeiro robô a viajar ao espaço.

Em 2011, a Nasa enviou ao espaço um robô humanoide chamado Robonaut 2, desenvolvido em parceria com a General Motors, com o mesmo objetivo de testar suas atividades em um ambiente de risco elevado.

O robô retornou à Terra em 2018 por problemas técnicos.

Em 2013, o Japão enviou ao espaço o pequeno robô, Kirobo, coincidindo com a chegada do primeiro comandante japonês da ISS, Koichi Wakata.

Kirobo era capaz de falar, mas apenas em japonês.

Além da missão específica, as autoridades russas, que consideram a conquista do espaço uma questão estratégica, não escondem as ambições para Fedor e seus futuros irmãos.

Estas máquinas poderiam executar operações perigosas, como as saídas ao espaço, afirmou Alexander Bloshenko, da Roscosmos, à agência RIA Novosti.

O diretor da Roscosmos, Dmitri Rogozin, exigiu em agosto fotos de Fedor ao presidente russo, Vladimir Putin, e apresentou o robô como um "assistente da tripulação" da ISS.

"No futuro, contaremos com esta máquina para conquistar o espaço", declarou na ocasião.

A conquista do espaço é uma grande fonte de orgulho desde a época soviética, mas enfrentou muitas dificuldades desde o fim da URSS.

Apesar das ambiciosas promessas do Kremlin, o setor registrou acidentes humilhantes e escândalos de corrupção nos últimos anos.

A Rússia, no entanto, continua sendo no momento o único país com capacidade para enviar astronautas à ISS.

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