Ciência

Rússia dobra aposta e anuncia vacina da covid-19 em massa para setembro

Rússia também afirma que mais de 20 países fizeram pedidos de mais de 1 bilhão de doses da Sputnik V

Vacina: apesar de desconfiança científica, vacina russa pode chegar rapidamente a outros países (Dado Ruvic/Reuters)

Vacina: apesar de desconfiança científica, vacina russa pode chegar rapidamente a outros países (Dado Ruvic/Reuters)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 31 de agosto de 2020 às 12h49.

Última atualização em 31 de agosto de 2020 às 13h20.

A Rússia anunciou nesta segunda-feira (31), que o primeiro lote de sua vacina contra o novo coronavírus, a "Sputnik V", está previsto para o começo do mês de setembro. De acordo com um cronograma publicado no site Clinical Trials, os testes de fase 3 da vacina (os últimos) começarão nesta semana, com 40 mil voluntários.

Uma vacinação em massa começará no país em outubro deste ano, um mês depois de a produção industrial da proteção, segundo uma autoridade russa.

"A vacina será primeiramente dada para trabalhadores da área da saúde e professores", disse o ministro da Saúde Mikhail Murashko, afirmando também que ela não será obrigatória.

Segundo ele, em entrevista à agência de notícias russa Tass, as primeiras entregas em massa serão realizadas já neste mês.

A Rússia afirma que mais de 20 países fizeram pedidos de mais de 1 bilhão de doses da Sputnik V — e o Brasil está entre eles.

A expectativa é que a vacina entrará em circulação civil a partir do dia primeiro de janeiro de 2021, segundo um registro no site do ministério da saúde russo.

Se a vacina der certo, a Rússia ganhará a nova guerra fria em busca de uma proteção contra a covid-19. Estudos sobre a eficácia dela devem ser publicados já no final deste mês.

Além de aliviar a crise de saúde mundial, que já matou mais de 730 mil pessoas, seria um golpe nos Estados Unidos e no Reino Unido, que recentemente acusaram o país de hackear seus sistemas para derrubar pesquisas sobre vacinas contra a covid-19.

A vacina russa é baseada no adenovírus humano fundido com a espícula de proteína em formato de coroa que dá nome ao coronavírus.

É por meio dessa espícula de proteína que o vírus se prende às células humanas e injeta seu material genético para se replicar até causar a apoptose, a morte celular, e, então, partir para a próxima vítima.

Especialistas em saúde pública seguem prevendo as vacinas para meados de 2021.

De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) do dia 28 de agosto, 33 vacinas estão em fase de testes e outras 176 estão em desenvolvimento. Das 26 em testes clínicos, 6 estão na última fase. A vacina da Rússia agora está presente no relatório da organização.

A corrida pela cura

Nunca antes foi feito um esforço tão grande para a produção de uma vacina em um prazo tão curto — algumas empresas prometem que até o final do ano ou no máximo no início de 2021 já serão capazes de entregá-la para os países. A vacina do Ebola, considerada uma das mais rápidas em termos de produção, demorou cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso nos Estados Unidos, por exemplo, somente no ano passado.

Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. Para a covid-19, as farmacêuticas e companhias em geral estão literalmente correndo atrás de uma solução rápida.

Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusEpidemiasOMS (Organização Mundial da Saúde)Pandemiavacina contra coronavírusVacinas

Mais de Ciência

Animal mais velho do mundo tem 193 anos — e já viveu duas guerras, 14 papas e a invenção da lâmpada

Cientistas descobrem galáxia milhões de anos mais velha que a mais antiga da história

Niède Guidon, arqueóloga referência mundial em estudos sobre as Américas, morre aos 92 anos

Rio Grande do Sul abrigou um dos dinossauros mais antigos do mundo, diz pesquisa