Ciência

Risco de trombose da vacina é muito menor que da covid, diz estudo

Estudo britânico comparou os dados médicos de 29 mi de pessoas que receberam vacinas Pfizer ou AstraZeneca com as informações de quase 2 mi de pessoas que testaram positivo para covid

O risco de desenvolver uma trombose venosa é quase 200 vezes maior com a covid-19 (Anna Efetova/Getty Images)

O risco de desenvolver uma trombose venosa é quase 200 vezes maior com a covid-19 (Anna Efetova/Getty Images)

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AFP

Publicado em 27 de agosto de 2021 às 09h59.

Última atualização em 27 de agosto de 2021 às 10h00.

O risco de desenvolver trombose coágulos sanguíneos é muito menor depois de tomar a vacina contra a covid-19 que ao contrair a doença, afirma o maior estudo desenvolvido até o momento sobre os efeitos colaterais relacionados com a vacinação. 

O estudo britânico, publicado no British Medical Journal (BMJ), comparou os dados médicos de 29 milhões de pessoas que receberam a primeira dose das vacinas Pfizer-BioNtech ou Oxford-AstraZeneca entre dezembro de 2020 e abril de 2021 com as informações de quase dois milhões de pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus.

A preocupação com a trombose freou o uso da vacina AstraZeneca, mas o estudo descobriu que, embora exista um "risco maior" de desenvolvê-las após a vacina, este é "muito menor que o associado à infecção por SARS-CoV-2". 

O risco de desenvolver uma trombose venosa é quase 200 vezes maior com a covid-19 (12.614 casos adicionais entre 10 milhões de pessoas) que com a AstraZeneca (66 casos adicionais).

Quanto à trombose arterial, não foi registrado um excesso de casos para nenhuma das duas vacinas, mas foram contabilizados 5.000 casos adicionais entre 10 milhões de pessoas infectadas com a covid-19.

Desta maneira, as pessoas com o vírus têm 11 vezes mais probabilidades de sofrer um derrame (1.699 casos adicionais a cada 10 milhões de pessoas) que as vacinadas com a Pfizer (143 casos adicionais).

"A imensa maioria dos pacientes está perfeitamente bem com estas vacinas", declarou à BBC a cientista que coordenou o estudo, Julia Hippisley-Cox, antes de afirmar que os "raríssimos casos" de coágulos sanguíneos devem ser "colocados em contexto".

A professora de Epidemiologia de Oxford também destacou que o aumento do risco de desenvolver coágulos sanguíneos se concentra em períodos mais "específicos e curtos" com as vacinas ("de 15 a 21 dias depois da administração" com a Pfizer para o AVC, "de 8 a 14 dias para a trombocitopenia com a AstraZeneca") que após o contágio de covid-19, quando o risco se prolonga "por mais de 28 dias após o contágio".

O estudo foi divulgado depois que muitos países - incluindo o Reino Unido - decidiram reservar a vacina da AstraZeneca para a população mais velha, devido ao temor de trombose.

O Serviço de Saúde Pública inglês calcula que as vacinas salvaram mais de 100.000 vidas no Reino Unido, onde a pandemia provocou 132.000 mortes.

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