(Rodolfo Nogueira/Divulgação)
Laura Pancini
Publicado em 5 de janeiro de 2021 às 15h25.
A edição de dezembro da Nature, uma das maiores revistas científicas do mundo, estampou em sua capa o Ixalerpeton polesinensis.
Esse animal pré-histórico viveu há cerca de 230 milhões de anos e foi encontrado na região central do Rio Grande do Sul, no município de São João do Polêsine.
Há dez anos, pesquisadores de países como Estados Unidos, Argentina, Brasil e Reino Unido trabalham no sítio arqueológico Buriol para estudar o lagerpetídeo, que foi o primeiro réptil deste tipo a ser encontrado no Brasil. No mês passado, o artigo do grupo de pesquisa foi publicado na Nature com o título "Enigmáticos precursores de dinossauros estabelecem ponte até a origem dos pterossauros".
Partes do fóssil foram encontradas em bom estado, mas desarticuladas. Mesmo assim, foi possível observar as semelhanças do lagerpetídeo com o pteurossauro, que supostamente seria seu parente mais próximo.
De acordo com o estudo divulgado, o conhecimento prévio da anatomia do lagerpetídeo limitava-se "principalmente às vértebras, membros posteriores e alguns ossos cranianos". Com o fóssil encontrado, os arqueólogos conseguiram fazer análises aprimoradas de todo o esqueleto do animal.
Apesar de o pteurossauro ter habilidade de voo, o lagerpetídeo não tem. Porém, a presença de um sistema de equilíbrio, metabolismo rápido e labirinto ósseo no ouvido no seu fóssil --- todas características de animais voadores --- indicam sua ancestralidade com o réptil voador.
"Nós apresentamos informações anatômicas de todo o esqueleto que demonstram que os lagerpetídeos são os parentes evolutivos mais próximos dos pterossauros", afirmam os paleontólogos. Seu estudo pode ser mais uma pista para descobrirmos quem são os ancestrais mais antigos das aves.