Ciência

Remdesivir diminui o período para se recuperar do coronavírus, diz estudo

Tempo médio foi de 11 dias, contra 15 dos que tomaram placebo; taxa de mortalidade também foi menor nos pacientes que receberam o antiviral

Frasco de remdesivir: indicação para quem já foi infectado pelo coronavírus (Ulrich Perrey/Reuters)

Frasco de remdesivir: indicação para quem já foi infectado pelo coronavírus (Ulrich Perrey/Reuters)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 23 de maio de 2020 às 12h46.

O relatório preliminar sobre o antiviral remdesivir, publicado nesta sexta-feira, 22, no New England Journal, mostrou que o tempo de recuperação em pacientes hospitalizados por coronavírus foi menor para aqueles que tomaram o medicamento em comparação com os pacientes que receberam placebo. A taxa de mortalidade também foi menor nos pacientes que receberam o antiviral.

Quem recebeu o remdesivir se recuperou, em média, após 11 dias, contra os 15 dias daqueles que tomaram placebo. Ao todo, participaram 1.063 pacientes, mas alguns desistiram no meio do estudo e outros morreram antes de concluir o período de avaliação. A taxa de mortalidade, analisada dentro do período de 14 dias, foi de 7,1% no grupo que recebeu o remdesivir, enquanto o grupo que recebeu placebo apresentou a taxa de 11,9%.

Em 30 de abril, o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos - uma das instituições responsáveis pelo estudo - e conselheiro de Saúde da Casa Branca Dr. Anthony Fauci, já havia mencionado o período mais curto de recuperação em quem tomou o antiviral.

Amostras do antiviral: uso liberado no Brasil pelo Ministério da Saúde (Gilead Sciences Inc/Handout/Reuters)

Fauci lembrou também que se trata de um medicamento para quem já está infectado pelo coronavírus, para prevenir infecções, mas que nada tem a ver com as vacinas que estão sendo desenvolvidas e testadas por outros laboratórios.

Já a cloroquina, que é um medicamento originalmente usado no tratamento da malária, não apresentou resultados satisfatórios. Defendida pelo presidente Jair Bolsonaro aos pacientes com coronavírus, a cloroquina aumenta o risco de morte e de arritmia cardíaca nos infectados pela covid-19.

"Fomos incapazes de confirmar qualquer benefício da cloroquina ou da hidroxicloroquina em resultados de internação pela covid-19. Ambas as drogas foram associadas à diminuição de sobrevivência dos pacientes internados e a um aumento da frequência de arritmia ventricular quando usadas no tratamento da covid-19", conclui o estudo liderado pelo professor Mandeep Mehra, da Escola de Medicina de Harvard, e publicado nesta sexta-feira, 21, na revista Lancet.

Na quarta-feira, 20, o Ministério da Saúde liberou a cloroquina para todos os pacientes de covid-19. Em documento, o ministério autorizou a prescrição do medicamento desde os primeiros sinais da doença causada pelo coronavírus. Embora não haja comprovação científica da eficácia do medicamento contra a doença, o ministério alegou, no documento, que o Conselho Federal de Medicina (CFM) autorizou recentemente que médicos receitem a seus pacientes a cloroquina e a hidroxicloroquina, uma variação da droga.

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