Ciência

OMS divulga relatório sobre origens do coronavírus em meio a críticas

Relatório da organização foi criticado por atraso e por dificuldades em lidar com ingerência da China durante investigação

Wuhan: relatório sobre origens do coronavírus levanta críticas por atraso e ingerência chinesa (China Daily via/Reuters)

Wuhan: relatório sobre origens do coronavírus levanta críticas por atraso e ingerência chinesa (China Daily via/Reuters)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 30 de março de 2021 às 06h00.

Última atualização em 30 de março de 2021 às 22h42.

Esta reportagem faz parte da newsletter EXAME Desperta. Assine gratuitamente e receba todas as manhãs um resumo dos assuntos que serão notícia

Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) que será divulgado nesta terça-feira, 30, deve apontar que o coronavírus surgiu primeiramente em morcegos antes de ter sido transmitido para humanos via outro animal. O documento foi vazado na segunda-feira pela agência de notícias Associated Press.

As origens do coronavírus são uma incógnita e uma pergunta ainda não respondida pela ciência. Justamente por isso, o documento era há muito aguardado, após sofrer diversos adiamentos.

O texto, que tem 123 páginas, traz teorias de como o vírus foi inicialmente transmitido para humanos. A pesquisa foi conduzida por 17 cientistas de diversos lugares do mundo, que estiveram em Wuhan, na China, por 27 dias entre janeiro e fevereiro. A cidade foi epicentro da epidemia, ainda em 2019.

De acordo com o jornal americano The New York Times, o relatório, além de apontar a origem animal do vírus, também categoriza a possibilidade de o coronavírus ter escapado de um laboratório como "extremamente improvável". Para os especialistas, a transmissão do vírus da covid-19 por um animal intermediário é uma hipótese "entre provável e muito provável".

A divulgação do texto ocorre meio ao embate entre a China e a OMS. Durante a visita, oficiais chineses se recusaram a fornecer dados e evidências sobre o período inicial de transmissão do vírus ao time da agência internacional, frustrando alguns dos cientistas.

O governo da China durante meses tentou atrasar a visita dos especialistas, que postergaram a divulgação do relatório, em uma tentativa de evitar escrutínio sobre eventuais erros iniciais conduzidos pelo país durante o início da epidemia de covid-19. Os chineses defendem sua abordagem e dizem que cooperam integralmente com a OMS.

Já o órgão de saúde global foi acusado de ser muito tolerante com a China desde os primeiros dias do que se tornaria a pior pandemia em um século. A posição é delicada, porém, já que a OMS precisa de cooperação de um país para realizar uma investigação desse tipo.

Entre os críticos está o diretor da ONG de direitos humanos Human Rights Watch, Kenneth Roth, que acusa a OMS de "cumplicidade institucional".

"A OMS rejeitou completamente, como instituição, qualquer tipo de crítica sobre a maneira como a China escondeu a transmissão entre humanos, ou o fato de que continua a se recusar a fornecer evidências", disse Roth a repórteres no mês passado.

Os que questionam o texto afirmam que o relatório é insuficiente e pressionaram nos últimos meses por uma investigação independente.

Acompanhe tudo sobre:ChinaCoronavírusExame HojeOMS (Organização Mundial da Saúde)Pandemia

Mais de Ciência

Há quase 50 anos no espaço e a 15 bilhões de milhas da Terra, Voyager 1 enfrenta desafios

Projeção aponta aumento significativo de mortes por resistência a antibióticos até 2050

Novo vírus transmitido por carrapato atinge cérebro, diz revista científica

Por que a teoria de Stephen Hawking sobre buracos negros pode estar errada