Pesquisadores do Instituto Butantan analisam diferenças genéticas em sucuris-verde (Anaconda 1997/ Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 20 de maio de 2025 às 13h34.
Última atualização em 20 de maio de 2025 às 13h49.
As cobras estão entre os animais mais temidos — e admirados — entre os répteis. Vilãs nas histórias bíblicas e cultuadas em várias outras religiões sul-americanas, as serpentes variam muito de tamanho, padrão e peçonha. E algumas delas podem passar dos 7 metros de comprimento.
Não à toa, existem filmes de terror com cobras: a famosa anaconda — que, na verdade, é uma cobra sucuri — leva o título de maiores cobras do mundo, segundo o Instituto Butantan. Mas uma recente descoberta brasileira foi identificada por cientistas, de outra espécie e ainda maior do que os exemplos já encontrados na natureza.
Batizada de Eunectes akiyama, a cobra foi classificada como uma sucuri-verde, mas apresenta uma diferença genética de 5,5% em relação à sucuri-verde tradicional, Eunectes murinus, segundo estudo publicado na revista científica Diversity.
Segundo o professor Miguel Trefaut Urbano Rodrigues, do Instituto de Biociências da USP, apesar da semelhança visual, a nova espécie foi identificada graças a análises de genes mitocondriais que revelaram diferenças significativas entre populações do norte da América do Sul.
Enquanto a sucuri-verde tradicional habita áreas como Peru, Bolívia e Brasil, a nova espécie parece restrita a países do norte do continente, como Equador, Colômbia e Venezuela. “Não se sabe se elas se encontram, se ocorre ou não hibridização entre elas”, alerta o professor Trefaut em entrevista à Gazeta de São Paulo, apontando a necessidade de mais pesquisas para mapear a distribuição e interação entre as espécies.
Além da sucuri-verde, existem outras três espécies reconhecidas no gênero Eunectes, diferenciadas por características como tamanho e padrão de manchas, o que torna o processo de classificação complexo e requer análises cuidadosas.
A identificação do Eunectes akiyama reforça a relevância da taxonomia e da pesquisa científica para a conservação da biodiversidade amazônica, uma região ainda repleta de espécies desconhecidas. O estudo detalhado dessas serpentes permite um melhor entendimento do ecossistema e ajuda a orientar ações para proteger esses animais e seus habitats naturais.