Ciência

Próxima geração de reatores nucleares seduz ONU e bilionários

A AIEA está criando um intercâmbio de informações sobre uma tecnologia que utiliza sal fundido para reduzir a reação atômica de combustíveis líquidos

Energia nuclear: os Reatores a Sal Fundido (MSR, na sigla em inglês) operam sob pressão atmosférica normal, reduzindo o risco de explosão em caso de acidentes (Johannes Eisele/AFP)

Energia nuclear: os Reatores a Sal Fundido (MSR, na sigla em inglês) operam sob pressão atmosférica normal, reduzindo o risco de explosão em caso de acidentes (Johannes Eisele/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de dezembro de 2016 às 17h23.

Viena - Uma nova safra de reatores nucleares desenvolvidos por engenheiros da geração Y conquistou o apoio tanto de bilionários quanto da agência da Organização das Nações Unidas que supervisiona o setor.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está criando um intercâmbio para que os países troquem informações sobre uma tecnologia que utiliza sal fundido para reduzir a reação atômica de combustíveis líquidos em vez de água e combustível sólido.

O intercâmbio oferece apoio a investidores como Bill Gates e Peter Thiel, que defenderam o novo modelo de reator por considerá-lo mais seguro e barato.

O esforço surge em um momento em que os EUA estão acelerando a aposentadoria de seu conjunto antigo de usinas nucleares e em que as empresas de energia se inclinam em direção ao gás natural, uma opção mais barata, e às energias renováveis.

Atualmente, 18 reatores dos EUA estão sendo desativados e mais meia dúzia será tirada de serviço por motivos econômicos.

Em torno de 2030, uma série de aposentadorias diminuirá ainda mais a maior fonte de energia de baixa emissão do país, ameaçando a luta contra o aquecimento global.

“A tecnologia usada nos reatores de hoje nunca será econômica”, disse Rory O’Sullivan, de 30 anos, diretor de operações da Moltex Energy em Londres.

O novo design com sal fundido “tem o potencial de revolucionar todo o sistema energético”, disse ele.

O’Sullivan disse que espera ver as empresas de energia usarem mais energias eólica e solar, impulsionadas por usinas nucleares menores e sob demanda.

Ao contrário da maioria dos reatores existentes, que utilizam água para reduzir as reações nucleares dentro de enormes recipientes de contenção, os Reatores a Sal Fundido (MSR, na sigla em inglês) operam sob pressão atmosférica normal.

Isso é importante em caso de acidente porque a pressão não se elevará ao ponto de explosão, como em Chernobyl e Fukushima.

“Eles têm alguns recursos de segurança muito interessantes”, disse Stefano Monti, diretor de desenvolvimento de tecnologia de energia nuclear da AIEA.

O intercâmbio da AIEA poderá ajudar os engenheiros a padronizarem os designs de sal fundido e contribuir para o “emprego [da tecnologia] a curto prazo”, disse ele.

Além disso, por eliminar a necessidade dos caros recipientes de contenção construídos em torno de reatores de água pressurizada, suas unidades podem ser construídas com menos investimento e empregadas em configurações menores e mais modulares, segundo os defensores do MSR.

Leslie Dewan, 32, é a fundadora e CEO da Transatomic Power, designer de reatores a sal fundido com sede em Cambridge, Massachusetts, financiada pela Founders Fund de Thiel.

Ela apresentou seu design na Agência Internacional de Energia Atômica em setembro e está trabalhando com o Departamento de Energia dos EUA para construir um protótipo em Idaho.

“Sempre fui ambientalista e acho que a energia nuclear é uma das formas mais importantes de produzir mais eletricidade sem carbono”, disse Dewan, para quem um dia a energia atômica custará menos que a energia gerada com carvão.

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