De acordo com a presidente do Cremerj, Márcia Rosa de Araújo, as principais reivindicações são plano de carreira e a revalidação do diploma para os médicos estrangeiros que quiserem trabalhar no Brasil (Adam Berry/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de julho de 2013 às 18h09.
Rio de Janeiro – Um grupo de médicos, residentes e estudantes de medicina participou hoje (30) de protesto contra o Programa Mais Médicos e por melhores condições de trabalho.
O ato fez parte da paralisação nacional da categoria, que ocorre em cerca de 20 estados, conforme a Federação Nacional dos Médicos (Fenam). A paralisação vai até amanhã (31). Os serviços de urgência e emergência foram mantidos.
Em frente à sede do Instituto Estadual de Hematologia (Hemorio), no centro do Rio, residentes fizeram um mutirão de doação de sangue e se concentraram na porta do Hospital Municipal Souza Aguiar, que fica ao lado do banco de sangue. Depois, partiram para o Centro de Administração da Prefeitura, na Cidade Nova. Um carro de som foi usado durante todo o trajeto.
O protesto foi liderado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, pela Associação dos Médicos Residentes do Estado do Rio de Janeiro, Associação Nacional dos Médicos Residentes e Associação Médica do Estado do Rio de Janeiro.
De acordo com a presidente do Cremerj, Márcia Rosa de Araújo, as principais reivindicações são plano de carreira e a revalidação do diploma para os médicos estrangeiros que quiserem trabalhar no Brasil.
“O governo não pode acusar os médicos de não irem para o interior do país se não há um plano de carreira para estimulá-los. O profissional aceita o emprego ganhando um salário. Conforme os meses passam, o salário é reduzido drasticamente. Não há garantias. Além disso, não há condições de exercer a profissão com excelência nas condições em que se encontram os postos de saúde do interior do país”, disse.
Quanto ao programa do governo federal não determinar que os profissionais estrangeiros passem pela revalidação, Márcia Araújo considera a medida ilegal. "Todo profissional que atuar em outro país deve passar por isso. Se a infraestrutura não melhorar, sendo estrangeiro ou não, a situação não mudará”.
A presidente acrescentou que os baixos salários também são questionados. “Concursos públicos são quase inexistentes e quando abrem oferecem um salário de R$ 2 mil. Um deputado ou juiz não ganha isso, por que nós médicos temos que ganhar? Outro fato estranho é que os profissionais antigos na rede pública ganham um terço dos recém-contratados, isso não tem cabimento”, arrgumenta.
Segundo o Ministério da Saúde, o atendimento nos hospitais federais do Andaraí e Bonsucesso, ambos na zona norte; Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, zona oeste da cidade; e o de Ipanema e da Lagoa, na zona sul; não foi afetado por causa da paralisação. De acordo com o Cremerj, outro ato de mobilização está previsto para amanhã (31), às 11h, na Cinelândia, no centro do Rio.