Refeição: os pesquisadores ainda não sabem como a tarântula matou a cobra (Gabriela Franzoi Dri/Divulgação)
Marina Demartini
Publicado em 11 de janeiro de 2017 às 11h52.
São Paulo – Membros da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, flagraram uma cena jamais vista no mundo animal. Eles fizeram o primeiro registro de uma tarântula devorando uma cobra de quase 40 centímetros na natureza.
Toda a ação foi registrada por um grupo de estudantes da UFSM quando faziam um trabalho de campo na Serra do Caverá, em Rosário do Sul (RS). O local, segundo artigo publicado pelos pesquisadores no site Herpetology Notes, é conhecido por abrigar uma grande quantidade de espécies de tarântulas – especialmente fêmeas sedentárias.
No estudo, eles contam que encontraram uma cobra não venenosa de 39,6 centímetros, da espécie Erythrolamprus almadensis, escondida embaixo de uma rocha. Ao se aproximarem, os estudantes notaram que o animal havia sido dilacerado por uma tarântula, da espécie Grammostola quirogai.
“A predação de uma cobra tão grande em relação ao tamanho da aranha foi extremamente surpreendente para nós”, disse Leandro Malta Borges, um dos autores do estudo, em entrevista para o site Live Science.
Geralmente, tarântulas se alimentam de outras aranhas, insetos, pequenos répteis, mamíferos, pássaros e anfíbios. Para Borges, o que provavelmente aconteceu nesse caso foi que a cobra entrou na toca da tarântula em busca de abrigo e acabou sendo atacada. Os pesquisadores ainda não descobriram como a aranha matou a cobra – se foi com as suas garras de 0,8 centímetro ou com veneno.
Há décadas, cientistas sabem que cobras podem ser devoradas por tarântulas. Vital Brazil e Jehan Vellard, ambos cientistas brasileiros, descobriram em 1926 que tarântulas cativas às vezes comiam serpentes.
Os pesquisadores da UFSM, no entanto, apontam que a observação que fizeram é única, pois é a primeira vez que uma tarântula é vista comendo uma cobra no meio da natureza. “É muito gratificante contribuir para esse registro, pois, até onde sabemos, só existem casos documentados de situações em cativeiro", afirmou Borges em uma entrevista para a revista National Geographic.
Tanto a tarântula quanto a cobra foram coletadas e levadas para o laboratório para serem analisadas.