Mar da Galileia: Algas da espécie Botryococcus braunii fizeram com que as águas ficassem vermelhas (Redes Sociais/Reprodução)
Repórter
Publicado em 13 de agosto de 2025 às 19h33.
Última atualização em 13 de agosto de 2025 às 19h48.
Um fenômeno raro transformou a paisagem do Mar da Galileia, nesta sexta-feira, 8, gerando uma reação de fascínio misturado com temor. As águas do lago adquiriram uma cor vermelha intensa, lembrando cenas apocalípticas e evocando referências bíblicas, especialmente passagens do Antigo Testamento.
O site Ancient Origins relembra que esse evento natural remete à primeira das Dez Pragas do Egito, mencionada no Livro do Êxodo, quando Deus teria transformado as águas do Nilo em sangue como castigo ao Faraó (Êxodo 7:17-21). No relato bíblico, esse episódio deu início a uma sequência de desastres enviados para forçar a libertação dos hebreus da escravidão.
Imagens e vídeos da cena viralizaram nas redes sociais, sendo compartilhados com reações que iam de brincadeiras a interpretações alarmistas sobre o evento. "É um sinal da ira de Deus por tudo o que está acontecendo", comentou um usuário no X (antigo Twitter).
Apesar da aparência estranha, especialistas afirmam que não há riscos à saúde. De acordo com o Ministério da Água de Israel, a mudança de cor foi causada por uma proliferação da microalga Botryococcus braunii, que, sob certas condições ambientais, adquire tons avermelhados devido à produção de um pigmento natural.
Essa alga é comum em corpos de água doce e salobra em várias partes do mundo e é conhecida por produzir hidrocarbonetos semelhantes ao petróleo bruto, uma substância com potencial para a indústria de biocombustíveis. O pigmento vermelho se forma especialmente quando há intensa radiação solar, altas temperaturas e abundância de nutrientes na água.
Esse tipo de fenômeno não é novo. O Mar da Galileia já registrou eventos semelhantes em outros anos, especialmente durante os meses mais quentes, que coincidem com o aumento do turismo na região.
O pigmento gerado pelas algas não é tóxico e não há relatos de alergias ou reações adversas ao contato com a água. Testes realizados pelo Laboratório de Pesquisa Kinneret confirmaram que a água permanece própria para banho e para uso humano, conforme reportado pelo The Jerusalem Post.
O Mar da Galileia (ou Lago de Tiberíades/Kinneret) tem uma importância central na geografia espiritual do Oriente Médio, sendo considerado sagrado por judeus, cristãos e muçulmanos. Para os cristãos, o lago foi palco de milagres de Jesus, como andar sobre as águas, acalmar tempestades, a pesca milagrosa e a multiplicação dos pães e peixes.
Essa carga simbólica amplifica a repercussão de qualquer fenômeno impressionante na região, o que explica o surgimento de interpretações que o associam a um “sinal dos tempos”.
O evento também gerou comparações com outros episódios de águas vermelhas no Oriente Médio, como o ocorrido em 2021, quando um lago próximo ao Mar Morto também adquiriu a cor vermelha, suscitando novas especulações religiosas.
Embora o fenômeno atual tenha uma explicação ecológica, é inevitável que ele seja associado a narrativas bíblicas. Estudos sobre a travessia do Mar Vermelho por Moisés, por exemplo, sugerem explicações naturais para o episódio, como ventos fortes que poderiam ter feito as águas rasas recuarem temporariamente, criando um corredor seco. Quando o vento cessasse, a água retornaria rapidamente, o que poderia explicar a destruição do Exército egípcio.
As autoridades locais seguem monitorando a qualidade da água e a biodiversidade do lago, um recurso essencial para abastecimento, pesca e turismo. Espera-se que a coloração se dissipe conforme as condições ambientais mudem. Para muitos, o evento ficará marcado como um momento em que a natureza parecia dialogar com a história sagrada.
Independentemente de ser visto como um sinal divino, um eco das Escrituras ou apenas um fenômeno natural fascinante, o Mar da Galileia vermelho-sangue de 2025 reforça como a ciência e a fé continuam interligadas na forma como percebemos o mundo. Para alguns, é um lembrete do poder simbólico dos lugares sagrados, enquanto para outros, é um sinal de que a natureza ainda guarda mistérios capazes de nos conectar ao passado.