Ciência

Por que comemos doces mesmo sem fome? Novo estudo indica motivo

Característica é evolucionária e, apesar de termos comida disponível a qualquer momento, ainda possuímos a habilidade de comer mais do que devemos

Chocolate: rejeitar doces pode ser mais difícil do que alimentos saudáveis (Getty Images/Getty Images)

Chocolate: rejeitar doces pode ser mais difícil do que alimentos saudáveis (Getty Images/Getty Images)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 28 de abril de 2019 às 10h58.

Última atualização em 28 de abril de 2019 às 10h59.

São Paulo - Se você já fez uma dieta, sabe como pode ser mais fácil rejeitar um prato de salada do que uma sobremesa, ou mesmo um mero pedaço de chocolate. Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, noa Estados Unidos, avaliaram o motivo de termos tal dificuldade e descobriram que isso acontece porque a regulação da satisfação alimentar normal é diferente da que nos faz comer mais um pedacinho de doce.

Em um experimento realizado com ratos, os pesquisadores monitoraram células dos circuitos de nociceptina, ao deixá-los fluorescentes. Quando eles comeram alimentos gordurosos apesar de estarem satisfeitos, os pesquisadores observaram que um circuito em particular do cérebro contava com mais sinais de nociceptina. Esse circuito é ligado às amígdalas, associadas ao processamento de emoções em mamíferos. Ao desligar a produção da nociceptina, o apetite normal dos animais não foi afetados, mas eles pararam de comer comidas gordurosas em excesso.

O motivo de mamíferos terem tal característica é evolucionário. O ser humano, assim como cães e gatos, precisaram enfrentar longos períodos de tempo sem comida disponível. Por isso, era necessário comer mesmo sem ter fome para possuir reservas de energia. Apesar de isso ter mudado, nossos organismos ainda são feitos para isso.

"Agora, há tantos alimentos cheios de calorias disponíveis a qualquer momento e ainda não perdemos essa conexão que nos influencia a comer tanta comida quanto possível", disse, em comunicado, Thomas Kash, um dos autores do estudo, que foi publicado no periódico científico Neuron.

A pesquisa foi financiada pelo Instituto Nacional de Abuso do Álcool e Alcoolismo dos EUA, pela Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais, pelo Centro de Biomedicina da Carolina do Norte e pelo Conselho de Pesquisa da Suíça.

Agora, os pesquisadores buscam formas de alterar a nociceptina, além de entender melhor o funcionamento dela na regulação do apetite por alimentos altamente calóricos.

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