Ciência

Poeira tóxica de Marte: o risco invisível que pode ameaçar astronautas

Em uma missão a Marte, a poeira do planeta vermelho pode ser tão perigosa quanto os desafios conhecidos como radiação e temperaturas extremas

Marte: poeira mortal pode ser uma ameaça silenciosa para os astronautas (Derek Berwin/Getty Images)

Marte: poeira mortal pode ser uma ameaça silenciosa para os astronautas (Derek Berwin/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 1 de abril de 2025 às 12h27.

Última atualização em 1 de abril de 2025 às 13h09.

A exploração de Marte está se tornando cada vez mais uma realidade, mas uma ameaça até agora pouco discutida pode ser mais perigosa do que se imagina: a poeira marciana.

Composta por partículas microscópicas de regolito, esse pó fino e abrasivo oferece uma série de riscos à saúde dos astronautas que desembarcarem no planeta vermelho, como revelou um estudo recente publicado na revista GeoHealth.

Os cientistas, ao revisarem as pesquisas geológicas de Marte, identificaram que as partículas de regolito são muito menores e mais afiadas do que as encontradas na Terra. Esse pó pode ser altamente tóxico, pois contém substâncias como percloratos (produtos químicos à base de cloro), silica e metais pesados, como arsênico, berílio, cádmio e cromo. Esses compostos podem causar uma série de problemas à saúde, desde doenças respiratórias, como a silicoses, até cânceres e inflamações no sistema gastrointestinal.

O maior problema não está apenas na exposição direta ao pó, mas em como ele pode se infiltrar nos trajes espaciais e nas estações de habitat. Cada partícula de poeira marciana tem cerca de 3 micrômetros (cerca do tamanho de uma esporo de mofo), tornando extremamente difícil removê-las do ambiente. De acordo com o estudo, uma vez que a poeira entra nos pulmões, o corpo humano tem dificuldades para expelir essas partículas, o que pode resultar em irritação nos pulmões e até mesmo em doenças sistêmicas, uma vez que elas podem se absorver na corrente sanguínea.

“Quando a poeira marciana é ingerida ou inalada, ela pode causar danos a longo prazo, e a ameaça se agrava por estarmos a milhões de quilômetros de distância da Terra, sem acesso imediato a tratamentos médicos”, afirmou Justin Wang, coautor do estudo e estudante de medicina na Universidade do Sul da Califórnia, em entrevista para a CNN. Para os astronautas, uma exposição prolongada a esse ambiente pode representar riscos significativos, principalmente em missões de longa duração.

Ainda assim, Wang acredita que esses problemas são solucionáveis com a devida preparação. “A poeira de Marte pode ser perigosa, mas com a mitigação de exposição e o uso de suplementos preventivos, podemos evitar que se torne uma ameaça real à saúde dos astronautas”, afirma.

O planejamento cuidadoso de como lidar com a poeira marciana, junto com a implementação de sistemas eficazes de descontaminação e tratamento, será crucial para garantir a saúde e segurança das futuras expedições.

Como a poeira pode ser controlada?

 

Para minimizar os riscos da poeira marciana, os pesquisadores sugerem que se dê prioridade à preparação das missões, implementando medidas de controle de exposição, como o desenvolvimento de trajes espaciais altamente eficientes e ambientes de habitat que não acumulem partículas finas.

Além disso, tratamentos médicos especializados devem ser preparados para lidar com os possíveis efeitos da poeira nos astronautas, caso alguma exposição acidental ocorra.

A missão a Marte, com todos os seus desafios, está em andamento, mas ainda há muito a ser feito para garantir a segurança e a saúde dos astronautas. A poeira, embora invisível a olho nu na maioria das imagens enviadas pelos rovers da NASA, pode ser um dos maiores obstáculos à sobrevivência humana no planeta vermelho.

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