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Plano pode piorar atendimento médico, dizem acadêmicos

Para o diretor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, obrigar os alunos a trabalhar dois anos no sistema público para obter o diploma não ajudará na formação


	"Para aprender, é preciso infraestrutura e orientação qualificada, e o SUS, atualmente, não oferece condições", afirma o diretor da Escola Paulista de Medicina, Antônio Carlos Lopes
 (REUTERS/Pilar Olivares)

"Para aprender, é preciso infraestrutura e orientação qualificada, e o SUS, atualmente, não oferece condições", afirma o diretor da Escola Paulista de Medicina, Antônio Carlos Lopes (REUTERS/Pilar Olivares)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2013 às 09h36.

São Paulo - Médicos, professores e associações continuaram a criticar duramente nesta terça-feira os novos planos anunciados pelo governo para a área da saúde.

Para o diretor da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Antônio Carlos Lopes, as medidas são “precipitadas” e poderão até piorar a situação do ensino e do atendimento médico no País.

De acordo com Lopes, obrigar os alunos a trabalhar dois anos no sistema público para obter o diploma não ajudará na formação.

"“Pelo contrário, corre o risco de eles desistirem da medicina, tamanha é a falta de infraestrutura do sistema. Nem cidadania eles vão aprender"”, afirma ele, que também preside a Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM) e é médico cardiologista. “"Para aprender, é preciso infraestrutura e orientação qualificada, e o SUS (Sistema Único de Saúde), atualmente, não oferece condições".”

Melhor e mais prático, segundo Lopes, seria incorporar esse tipo de experiência aos currículos acadêmicos existentes, sem acrescentar os dois anos - que tornam a formação excessivamente longa. “Nós, que botamos a mão de verdade nos pacientes, sabemos do que estamos falando”, afirma.

As críticas não vêm só de São Paulo. O professor Antônio da Silva é do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Estado com a menor quantidade de médicos por habitante - 0,52 para cada mil moradores, no SUS. Mesmo assim, Silva é contra a medida. “É uma decisão arbitrária, que apenas tapa um buraco e não resolve o cerne da questão”, afirma.


A questão da falta de atratividade, diz, não é a localização remota dos postos de trabalho, mas a falta de perspectiva da carreira. “"Basta comparar com os juízes. Eles estão em todos os rincões do País, sem ter de ser obrigados a isso. Mas por que isso acontece? Porque o Judiciário tem um plano de carreira e o profissional sabe que ficará um tempo em algum lugar distante, mas depois voltará ao grande centro".”

As mudanças também não são vistas “com bons-olhos” pela coordenadora do curso de medicina da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Iasmin Duarte. “

O governo quer é mão de obra para trabalhar no SUS.” Iasmin ainda critica o prazo, considerado pequeno, para adaptar a estrutura curricular do curso. “"Não sei se dá para mudar até 2015. Uma reforma grande no currículo como essa exige todo um estudo amplo. Na última que fizemos gastamos quatro anos"”, diz.

Com tempo

Já o membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) Erastos Fortes considera “perfeitamente” adequado o tempo de adaptação dos cursos ao novo currículo.

O CNE tem um prazo de 180 dias para regulamentar as mudanças. “Não há por que ter pressa para se formar, os alunos precisam ter um contato maior com o SUS”, afirma o diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, Mario Saad.

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