Redação Exame
Publicado em 2 de junho de 2025 às 09h17.
Um planeta gigante está desafiando tudo o que os astrônomos pensavam saber sobre órbitas planetárias. A descoberta, feita após duas décadas de observações, confirma que o sistema estelar Nu Octantis não abriga apenas duas estrelas – mas também um planeta “rebelde” que se move na direção oposta a uma delas.
Esse planeta é duas vezes maior que Júpiter e orbita uma das estrelas ao contrário do sentido da outra, em um movimento retrógrado. Ele chega a passar no espaço estreito entre os dois astros — e mesmo assim, mantém uma órbita estável.
A descoberta foi liderada pelos astrônomos David Ramm e Man Hoi Lee, que utilizaram instrumentos de alta precisão, como o espectrógrafo HARPS do Observatório Europeu do Sul, no Chile.
O que parecia um ruído ou variação qualquer nos dados, em 2004, acabou se revelando uma assinatura planetária persistente. “Se fosse atividade da estrela, o sinal teria sumido com o tempo. Mas ele ficou ali, constante”, explicou Lee.
Além da órbita incomum, o sistema guarda outro segredo: uma das estrelas é uma anã branca, ou seja, já passou por sua “morte” estelar. Isso complica o passado do planeta: a configuração atual seria impossível se a estrela ainda fosse jovem e brilhante.
Com isso, duas teorias emergem. A primeira diz que o planeta mudou sua órbita após a transformação da estrela. A outra – ainda mais surpreendente – propõe que o planeta surgiu do material expelido quando a estrela colapsou.
“Esse sistema obriga a ciência a repensar como planetas podem surgir e sobreviver”, disse o físico Manfred Cuntz, em entrevista à New Scientist. Em vez de um sistema planetário tradicional, o Nu Octantis parece ter sido forjado no caos.