Ciência

Planeta anão pode destruir teoria científica e revelar centenas de mundos invisíveis

Estudo do Instituto de Princeton revela características e impacto do 2017 OF201 na busca pelo Planeta Nove

Raphaela Seixas
Raphaela Seixas

Estagiária de jornalismo

Publicado em 28 de maio de 2025 às 10h36.

Astrônomos do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, nos Estados Unidos, anunciaram a descoberta de um novo planeta anão em nosso Sistema Solar.

O estudo foi publicado no último dia 21 no servidor de pré-impressão arXiv e ganhou destaque por ampliar o conhecimento sobre os corpos celestes que orbitam além de Netuno.

Características do 2017 OF201

O novo planeta anão foi batizado de 2017 OF201 e possui cerca de 700 km de diâmetro.

Sua localização é extremamente remota: está situado além da órbita de Netuno, a uma distância orbital de 90,5 unidades astronômicas (UA) do Sol — mais que o dobro da distância de Plutão, que orbita a cerca de 40 UA do Sol.

A órbita do 2017 OF201 é bastante excêntrica e extensa. No ponto mais distante do Sol (afélio), sua órbita é mais de 1.600 vezes maior que a da Terra.

No ponto mais próximo (periélio), ainda está a 44,5 vezes a distância entre a Terra e o Sol. Para completar uma volta ao redor do Sol, o 2017 OF201 leva aproximadamente 25 mil anos.

Como foi feita a descoberta e suas implicações

A detecção do 2017 OF201 foi possível graças à análise de dados coletados entre 2011 e 2018 por dois instrumentos astronômicos: o Dark Energy Camera Legacy Survey (DECaLS) e o Telescópio Canadá-França-Havaí (CFHT). O objeto foi observado 19 vezes ao longo desse período, permitindo aos cientistas determinar com precisão sua órbita e características físicas.

A descoberta do 2017 OF201 tem impacto direto no debate sobre a existência do chamado Planeta Nove — um hipotético nono planeta gigante, cuja existência foi proposta para explicar anomalias nas órbitas de objetos transnetunianos.

Segundo Sihao Cheng, líder do estudo, a órbita do novo planeta anão é uma das evidências mais fortes contra a necessidade da existência do Planeta Nove, pois sugere que as anomalias observadas podem ser explicadas por outros objetos ainda não detectados.

Além disso, Cheng destaca que o 2017 OF201 passa apenas 1% do seu tempo orbital em uma região do Sistema Solar onde é possível ser detectado pelos telescópios atuais. Isso indica que podem existir centenas de outros objetos semelhantes, ainda invisíveis para nós devido à sua distância extrema.

“A presença deste único objeto sugere que pode haver cerca de centenas de outros objetos com órbita e tamanho semelhantes; eles estão muito distantes para serem detectáveis agora”, afirma Cheng.

O que é a teoria do Planeta 9?

A teoria do Planeta 9 propõe a existência de um planeta ainda não observado, localizado muito além da órbita de Netuno, para explicar anomalias gravitacionais nas órbitas de pequenos corpos transnetunianos no Cinturão de Kuiper.

Sugerida em 2016 por Konstantin Batygin e Michael E. Brown, a hipótese se baseia no alinhamento estranho das órbitas. Isso indica que um objeto massivo, com 5 a 10 vezes a massa da Terra, orbita o Sol. Ele estaria a 400 a 800 unidades astronômicas de distância, com um período orbital de 10.000 a 20.000 anos.

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