Neurociência: o médico comparou o processo ao regeneração da cauda da lagartixa (Matt Cardy/Getty Images)
EFE
Publicado em 3 de novembro de 2017 às 16h39.
Última atualização em 3 de novembro de 2017 às 21h34.
O neurocientista suíço Gregoire Courtine começou a testar o sistema de estimulação por eletrodos em pessoas com paraplegia, depois de conseguir que um rato e um macaco paralisados voltassem a andar.
Pesquisador do G-Lab do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Lausanne, Courtine disse nesta sexta-feira à Agência Efe que, após 15 anos desenvolvendo o sistema em ratos e macacos, já está há cinco meses testando a descoberta num grupo de oito pacientes com lesões medulares crônicas de entre cinco e sete anos de idade.
O dispositivo consiste na implantação de um estimulador no abdômen que se conecta a um campo de eletrodos situado na região lombar, onde ficam as células que controlam os músculos das pernas. Após o implante, é feito um mapa do paciente para saber onde e como aplicar os estímulos, que sempre são gerados em tempo real.
Este dispositivo é controlado sem fio, simulando a extensão e a flexão que as pernas humanas fazem ao caminhar e fazendo com que os neurônios voltem a gerar atividade. O médico comparou este processo ao regeneração da cauda da lagartixa, que, apesar de ser cortada, volta a crescer mediante o estímulo do cérebro do animal.
O vice-presidente da fundação Step by Step, que organiza o 4º Congresso Internacional de Reparação da Medula Espinhal, em Barcelona, Miguel Ángel González-Viejo, explicou à Efe que o sistema de impulsos pretende "fazer um bypass da parte superior da lesão medular até a inferior, saltando o pedaço de medula lesionada".
A importância desta aplicação é o cérebro, que atua como receptor destes impulsos e os traduz regenerando a atividade. Segundo Courtine, "o estímulo ativa a medula espinhal como o cérebro faria ao caminhar".
Ele garantiu que, após a finalização do teste de agora e a publicação dos resultados, provavelmente em um ano o experimento passará à fase de prova em países como Suíça, Alemanha, Espanha, França, Itália, Áustria, Inglaterra e Suécia.
"Ainda não sabemos se este tratamento será usado como reabilitação ou se implicará um sistema com próteses. Apesar de não podermos garantir que seja a cura ou um milagre, pode ser a chave da recuperação ", afirmou.