Ciência

Pesquisadores descobrem tratamento promissor para câncer infantil fatal

Mistura de dois medicamentos interrompeu o crescimento dos tumores em todos os animais testados

Célula cancerosa: a maioria das crianças morre da doença após um ano do diagnóstico (Reprodução/Thinkstock)

Célula cancerosa: a maioria das crianças morre da doença após um ano do diagnóstico (Reprodução/Thinkstock)

LP

Laura Pancini

Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 13h23.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 13h28.

Um artigo publicado na revista Nature por pesquisadores australianos revela uma combinação potencialmente revolucionária de medicamentos que podem ajudar no tratamento de um tumor cerebral fatal que atinge crianças, chamado de gliomas intrínsecas difusas do pontine (DIPG, na sua sigla em inglês).

A terapia medicamentosa sendo testada é, até o momento, o tratamento mais eficaz para o DIPG. A idade média de diagnóstico é de apenas sete anos e a maioria dos pacientes morre da doença geralmente após um ano do diagnóstico.

De acordo com o pesquisador líder do estudo e oncologista pediátrico David Ziegler, a mistura dos medicamentos difluorometilornitina (DFMO) e AMXT 1501 é "espetacularmente eficaz na erradicação das células cancerosas". Em testes em camundongos, a combinação levou à sobrevivência de 2/3 dos animais e interrompeu completamente o crescimento dos tumores em todos eles.

O DFMO atua na via da poliamina, um mecanismo que permite o crescimento das células tumorais e é crítica na evolução do DIPG. O medicamento está se tornando um grande protagonista em alguns tratamentos para câncer, como o neuroblastoma, outro câncer infantil agressivo. Já o AMXT 1501, desenvolvido pela empresa farmacêutica Aminex Therapeutics, ressensibiliza as células do tumor para o medicamento DFMO.

"Os resultados dramáticos contra esta doença devastadora aumentam nossa motivação para ver estes resultados duplicados contra cânceres humanos", disse o doutor Mark R. Burns, fundador e presidente da Aminex Therapeutics e inventor do AMXT 1501.

A primeira mãe a concordar em doar o tecido tumoral do DIPG de sua filha foi Rachael Gjorgjijoska. A menina faleceu com 4 anos de idade, 15 meses após seu diagnóstico. "Tomamos a difícil decisão de doar o tumor de Liliana porque queríamos fazer a diferença. Não havia tratamentos para salvá-la dessa doença devastadora, mas se as células do câncer dela ajudarem a avançar na pesquisa, então haverá novos tratamentos para crianças no futuro", afirma.

Os ensaios clínicos da combinação das duas drogas para tratar DIPG estão planejados para começar ainda este ano, em um estudo global liderado pelo Children's Cancer Institute e pelo Kid's Cancer Center no Hospital das Crianças de Sidney.

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