Ciência

Pesquisadores descobrem crânio de 3,8 milhões de anos

Cientistas encontram crânio mais antigo da espécie Australopithecus anamensis

Evolução: cientistas descobrem crânio de hominídeo da espécie Australopithecus anamensis (Museu de História Nacional de Cleveland/Reprodução)

Evolução: cientistas descobrem crânio de hominídeo da espécie Australopithecus anamensis (Museu de História Nacional de Cleveland/Reprodução)

ME

Maria Eduarda Cury

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 16h53.

Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 16h56.

São Paulo - Antropólogos e historiadores encontraram, na Etiópia, um crânio que foi classificado como o mais antigo da história, acumulando 3,8 milhões de anos. A caixa óssea foi descoberta praticamente intacta e foi identificada como o antecessor mais antigo da espécie Australopithecus anamensis. A espécie, que viveu cerca de 4 milhões de anos atrás, foi inicialmente descoberta em 1994, mas só recentemente os cientistas puderam associar um rosto aos seres desta espécie.

Em 2016, Ali Bereino, residente da Etiópia, estava trabalhando quando encontrou um pedaço do maxilar superior. Logo depois, o antropólogo etíope Yohannes Haile-Selassie chegou ao local com sua equipe, do Museu de História Natural de Cleveland, Estados Unidos, para encontrar o resto do crânio.

Apelidado de MRD, foi recentemente descoberto que o crânio pertence aos ancestrais humanos que conviveram com a espécie Australopithecus afarensis, da qual o fóssil de um crânio de australopiteco feminino, Lucy - até então considerado o mais antigo da história - faz parte. Os cientistas acreditam, portanto, que mais de uma espécie de hominídeos conviveu nesse período, e acabaram se divergindo e distanciando conforme o tempo passava, desenvolvendo suas próprias características.

Haile-Selassie com crânio

Antropólogo Dr. Haile-Selassie com crânio descoberto (Museu de História Nacional de Cleveland/Reprodução)

 

Anteriormente, os cientistas acreditavam que os Australopithecus anamensis existiram antes das demais espécies de hominídeos. Porém, esse crânio de 3,8 bilhões de anos de idade sugere que a espécie coexistiu com os Australopithecus afarensis. Haile-Selassie, líder da equipe, disse que essa é a primeira vez que os cientistas foram capazes de ter uma visão mais abrangente da aparência dessa espécie. "Este é o primeiro espécime a dar um vislumbre dessa espécie - os achados anteriores foram limitados a fragmentos isolados de mandíbula, dentes e um pequeno fragmento de um osso do ouvido", relatou Haile-Selassie em evento para a imprensa.

Crânio MRD

Crânio, apelidado de MRD, visto de perfil (Museu de História Nacional de Cleveland/Reprodução)

Os primeiros fósseis dessa espécie, que foram encontrados tanto na Etiópia como no Quênia, tinham por volta de 4,2 e 3,9 milhões de anos de idade. O MRD é mais jovem que estes, mas permanece sendo o crânio mais antigo da história da espécie. A caixa óssea demonstra que o rosto dos Australopithecus é saliente e possui a testa e os ossos avantajados, e um cérebro pequeno - essa informação se alinha com as teorias de que está no começo da linha evolutiva da espécie humana.

Os pesquisadores também analisaram que o MRD era, provavelmente, um homem que residia em um ambiente cercado por vegetação seca. Fred Spoor, pesquisador do Museu de História Natural de Londres, disse que em um artigo que a descoberta é como um ícone da evolução. "Sua descoberta afetará substancialmente nosso pensamento ... sobre a árvore genealógica evolutiva dos primeiros homininos", acrescentou.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)EtiópiaHistóriaTeoria da evolução

Mais de Ciência

Há quase 50 anos no espaço e a 15 bilhões de milhas da Terra, Voyager 1 enfrenta desafios

Projeção aponta aumento significativo de mortes por resistência a antibióticos até 2050

Novo vírus transmitido por carrapato atinge cérebro, diz revista científica

Por que a teoria de Stephen Hawking sobre buracos negros pode estar errada