Projeto prevê "fábricas verdes" costeiras para produção sustentável e redução de acidificação oceânica (REUTERS/Kyodo)
Agência
Publicado em 7 de outubro de 2025 às 19h41.
Pesquisadores chineses anunciaram nesta segunda-feira, 6, o desenvolvimento do primeiro sistema artificial capaz de capturar dióxido de carbono diretamente da água do mar e convertê-lo em materiais químicos de alto valor, incluindo plásticos biodegradáveis. O projeto combina eletrocatálise e biocatálise e foi publicado na revista Nature Catalysis.
O oceano absorve mais de 25% do CO₂ emitido por atividades humanas anualmente, mas essa capacidade tem provocado a acidificação das águas, ameaçando ecossistemas marinhos. A nova tecnologia surge como uma solução para reduzir esse impacto, transformando carbono dissolvido em produtos industrialmente úteis.
Na primeira fase, a equipe de Xia Chuan, da Universidade de Ciência e Tecnologia Eletrônica da China, desenvolveu uma célula eletrolítica capaz de extrair CO₂ da água do mar de forma contínua por mais de 500 horas, com eficiência superior a 70%, gerando hidrogênio como subproduto. O custo estimado da captura é de cerca de US$229,9 por tonelada de CO₂.
Um catalisador de bismuto (Bi-BEN) converte o CO₂ capturado em ácido fórmico, produzido em solução concentrada e pura em testes de longa duração. Na segunda etapa, a equipe de Gao Xiang, do Instituto de Biologia Sintética de Shenzhen, utilizou biocatálise para transformar o ácido fórmico em produtos bioquímicos. A bactéria marinha Vibrio natriegens, modificada geneticamente, converte o ácido em ácido succínico e ácido lático, usados na produção de plásticos PBS e PLA.
Os cientistas destacam que esses plásticos são exemplos iniciais. Com o design modular e a otimização das rotas metabólicas, o sistema pode ser expandido para produzir ácidos orgânicos, surfactantes, monômeros e ingredientes nutricionais.
O plano futuro prevê a construção de “fábricas verdes” em regiões costeiras, integrando captura de CO₂ e produção de matérias-primas sustentáveis. Segundo os pesquisadores, a tecnologia pode reduzir a acidificação oceânica e estabelecer uma cadeia industrial verde, fortalecendo a economia azul da China.