Ciência

Pesquisa revela a dieta da tribo com corações mais saudáveis do mundo

"Segredo" dos Tsimane é uma dieta de 3.000 calorias, com consumo maior de carboidratos e proteínas e pouca gordura e muita atividade física

Coração saudável: Dieta da tribo Tsimane, que tem o coração mais saudável do mundo, tem muitos carboidratos complexos e proteínas e pouca gordura (iStock / Getty Images Plus/Getty Images)

Coração saudável: Dieta da tribo Tsimane, que tem o coração mais saudável do mundo, tem muitos carboidratos complexos e proteínas e pouca gordura (iStock / Getty Images Plus/Getty Images)

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Gustavo Gusmão

Publicado em 11 de novembro de 2018 às 07h00.

Última atualização em 11 de novembro de 2018 às 07h00.

São Paulo — Menos de 3.000 calorias, com consumo maior de carboidratos e proteínas. Além disso, pouco espaço para gorduras, sal e açúcar. Tudo aliado a um dia a dia movimentado, sem tempo para sedentarismo. É essa a dieta secreta, mas nem tão surpreendente, da tribo Tsimane, da Bolívia, que a ajuda a ter o menor índice de doenças cardíacas do mundo, segundo uma pesquisa da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara publicada recentemente.

A descoberta foi feita pelos pesquisadores Thomas Kraft, Jonathan Stieglitz, Benjamin Trumble, Melanie Martin, Hillard Kaplan e Michael Gurven. Eles entrevistaram 1.299 Tsimanes em diferentes comunidades bolivianas, alguns mais de uma vez, para falar sobre hábitos alimentares.  Descobriram, assim, que eles seguem dietas similares, ingerindo algo entre 2.422 e 2.736 calorias por dia, com 64% delas vindo de carboidratos complexos. São os que demoram mais para ser digeridos, como arroz, macarrão e pão integrais, além de batata doce e mandioca.

Ao todo, são de 376 a 423 gramas de carboidratos, de 119 a 139 gramas de proteínas e de 40 a 46 gramas de gorduras magras ingeridos por dia. O consumo de açúcar, por sua vez, é mais baixo o que de outras populações. O problema é que ele aumentou consideravelmente entre 2010 e 2015: nesses cinco anos, os Tsimane passaram a ingerir 15,8 gramas a mais por dia, um salto de cerca de 300%.

A culpa dessa variação ruim na dieta é da "civilização". De acordo com a pesquisa, os índices de consumo de açúcar e óleos aumentaram mais em vilarejos mais próximos a cidades maiores, com mercados. Nesses casos, a população não precisava mais se esforçar tanto para plantar e colher sua comida. Isso elimina uma boa parte das atividades físicas feitas pela tribo — e uma parte essencial dos hábitos que garantem uma vida saudável a eles.

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