Representação gráfica da estrutura dos nanotubos de carbono (Ilustração/Reprodução)
A queima de combustíveis fósseis são, por primazia, a reação química que move e molda a humanidade no seu progresso. Queima-se gás butano para cozinhar, gasolina para mover os carros, carvão para produzir energia elétrica e, em todos esses processos, cria-se um rastro poluente de carbono e seus compostos.
Mas não é preciso ser para sempre assim. É o que tenta solucionar o trabalho do engenheiro brasileiro Ivan Siqueira que pesquisa como utilizar combustíveis fósseis para produzir gás hidrogênio, uma das fontes de energia mais limpas disponíveis atualmente, e nanotubos de carbono, um tipo de nanomaterial visto como o substituto ideal para o aço, alumínio, cobre, ferro e plásticos — que pesam mais e poluem mais para serem obtidos e manufaturados.
"Seria algo como transformar, o carbono, que é tido como o lixo da queima de combustíveis, em ouro", conta Siqueira.
Natural do Rio de Janeiro, Ivan Siqueira é estudante de doutorado em Engenharia Química e Biomolecular na Rice University, nos Estados Unidos. A pesquisa de Siqueira sobre os possíveis usos dos nanotubos foi uma das vencedoras do Publica na Summit, um evento realizado pela BRASA, associação de estudantes brasileiros no exterior, que tem como intuito democratizar e divulgar pesquisas científicas feitas por estudantes brasileiros em universidades ao redor do mundo.
Em detalhes, materiais feitos de nanotubos de carbono combinam propriedades mecânicas e elétricas com baixo peso e alta flexibilidade. Sendo assim, podem ser aplicados, por exemplo, na fabricação de cabos de transmissão de energia, pois são altamente condutores, leves e flexíveis, podendo auxiliar na distribuição de energia para regiões remotas e de difícil acesso.
Ivan ainda trabalha com a produção de fibras de nanotubos de carbono que são tão fortes e condutoras quanto a maioria dos metais. As aplicações, neste caso, podem ser utilizadas para restabelecer impulsos elétricos em corações humanos de maneira menos invasiva e mais barata, ou na carenagem de foguetes, que precisam ser leves e resistentes para irem ao espaço.
Apesar das possibilidades, a pesquisa do brasileiro é uma herança de uma série de outros estudos feitos na Rice University, e o primeiro de muitos passos para chegar até as aplicações comerciais. Mas para Ivan, o aprendizado que tem obtido na pesquisa servirá, além de tudo, para educação de novos cientistas.
"Uma das lições que aprendi é que a pesquisa fundamental pode estar ligada a aplicações para a melhora do cotidiano. Com isso em mente, quero direcionar meus esforços para levar este pensamento para outros alunos quando for lecionar".