Ciência

'Peixe do juízo final' aparece morto pela 3ª vez no ano; entenda o significado para a natureza

O animal, conhecido como Regalecus glesne, foi encontrado morto no dia 6 de novembro nas margens de Grandview Beach, em Encinitas, nos Estados Unidos

Peixe do Juízo Final: premonição verdadeira ou mito? (Alison Laferriere/Scripps Institution of Oceanography/ Instagram/Reprodução)

Peixe do Juízo Final: premonição verdadeira ou mito? (Alison Laferriere/Scripps Institution of Oceanography/ Instagram/Reprodução)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 08h46.

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Será o fim dos tempos? É impossível afirmar, mas o famoso "peixe do juízo final" já apareceu morto em 2024 pela terceira vez, em um intervalo de apenas três meses. Se isso quer dizer alguma coisa real, já é outra história.

O animal, conhecido como Regalecus glesne, foi encontrado morto no dia 6 de novembro nas margens de Grandview Beach, em Encinitas, nos Estados Unidos. Dessa vez foi Alison Laferriere, do Instituto de Oceanografia da Universidade da Califórnia, em San Diego, que o encontrou. E a aparição levantou dúvidas quanto ao mito que o associa a desastres naturais.

O que é o peixe do juízo final?

Carinhosamente apelidado de "serpente marinha", o Regalecus glesne é um peixe de águas profundas, raramente visto na superfície. Com corpo longo e esbelto, pode atingir até 11 metros de comprimento e pesar até 200 kg. Caracteriza-se por nadar de maneira vertical, uma técnica que o ajuda a se camuflar nas profundezas do oceano, refletindo a luz para se disfarçar de predadores.

O animal habita a zona mesopelágica, uma região do oceano que fica entre 200 e 1.000 metros de profundidade, onde a pressão é extremamente alta e as correntes marinhas são mínimas. Por isso, quando esse peixe chega à superfície, ele já está morto ou morrendo resultado da despressurização rápida.

Fenômenos naturais extremos põem em risco de extinção quase 4 mil espécies

Mas o Regalecus glesne ganhou fama mundial mesmo em 2011, logo após terremoto e tsunami devastadores no Japão. Vários desses espécimes foram encontrados encalhados pouco antes do desastre natural e a associação dele com esses eventos surgiu com força: acreditava-se que a aparição do peixe era um presságio de catástrofes iminentes.

É verdade ou mais um mito?

Pesquisas científicas já desmentiram essa crença. Em 2019, um estudo publicado na GeoScience World, no Bulletin of the Seismological Society of America, mostrou que não há relação direta entre as aparições do Regalecus glesne e desastres naturais; as coincidências são mínimas.

Apesar da superstição, o Regalecus glesne tem despertado grande interesse científico. A última aparição da espécie em águas californianas oferece uma rara oportunidade de análise genômica; "Esse peixe apresenta uma rara oportunidade estudar as adaptações evolutivas que levam essa espécie a prosperar em ambientes de águas profundas", comentou Dahiana Arcila, bióloga marinha do Instituto de Oceanografia, em um comunicado oficial da universidade.

Fatores ambientais, como mudanças nas correntes marinhas e a temperatura das águas, podem ser algumas das causas para o aumento das aparições desses peixes na superfície. Ben Frable, da mesma instituição, sugere que os impactos climáticos podem estar forçando esses animais a emergirem mais frequentemente.

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