Gravidez: “Mulheres com uma pélvis muito estreita não sobreviveriam 100 anos atrás. Agora eles sobrevivem", afirma biólogo (sxc.hu/SXC)
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2016 às 16h09.
As pessoas costumam erroneamente achar que a evolução parou para a gente, porque não somos mais perseguidos por predadores.
Mas ninguém segura a evolução: uma pesquisa da Universidade de Viena (Áustria), revelou que, desde os anos 1960, o número de “partos obstruídos” subiu em até 20%.
Um parto obstruído ocorre quando o bebê é grande demais para sair. Há duas razões para isso: ou o bebê é realmente grande, ou a pélvis da mãe é estreita demais.
Por toda a história da humanidade, isso era uma sentença de morte tanto para a mãe quanto para o bebê. E quem manja de evolução já percebeu o que isso significa: genes para quadris muito estreitos ou bebês muito grandes estavam sendo filtrados, porque quem os tinha morria sem poder passá-los.
Exatamente como um gene que tirasse as listras de uma zebra, tornando ela mais fácil de ser caçada pelos leões, seria também filtrado.
A medicina moderna, que tornou o parto por cesárea muito mais seguro, apagou essa pressão evolutiva. Os genes para bebês grandes ou quadris estreitos, que reaparecem por mutação, deixaram de ser filtrados.
“Sem intervenção, esses problemas eram frequentemente letais e, de um ponto de vista evolutivo, isso é seleção natural”, afirma o biólogo Philipp Mitteroecker, da Universidade de Viena, em entrevista à BBC.
“Mulheres com uma pélvis muito estreita não sobreviveriam 100 anos atrás. Agora eles sobrevivem e passam seus genes codificando uma pélvis estreita para as filhas. A tendência de selecionar bebês nascidos menores simplesmente desapareceu.”
No caso de bebês grandões, há ainda uma vantagem evolutiva: eles têm menos chances de morrer que os pequenos. Assim, há uma pressão para que essa mutação se propague.
Mas os cientistas acreditam que não é forte o suficiente para que um dia os partos naturais se tornem impossíveis: “Eu prevejo que essa tendência continuará, mas talvez apenas suave e vagarosamente”, diz Mitteroecker. “Existem limites para isso. Então não espero que um dia a maioria das crianças terão que nascer por cesáreas.”