Um dos esqueletos encontrados na Polônia: sinais de que uma estaca foi enfiada no peito do cadáver (Museu de Fortress Kostrzyn/Divulgação)
Maurício Grego
Publicado em 17 de dezembro de 2016 às 09h27.
Como se livrar do cadáver de um vampiro? Três opções: queimar o corpo, arrancar a cabeça ou martelar uma estaca de madeira bem no coração do monstro, pregando-o ao chão, para evitar que ele se levante de novo.
Foi com marcas das duas últimas opções que arqueólogos do Museu de Fortress Kostrzyn, na Polônia, encontraram três esqueletos da Idade Média – o que mostra que aquelas pessoas eram vistas como vampiras pela comunidade que as enterrou.
Claro, elas (provavelmente) não eram monstros chupadores de sangue que se transformavam em morcegos e eram alérgicos à luz solar. De acordo com os cientistas, os três esqueletos do século XIII eram de pessoas com alguma deformação física, o que pode ter feito os aldeões da vila de Górzyca, onde os corpos foram encontrados, a acharem que eles eram vampiros.
Dois dos esqueletos (um feminino, o outro masculino) sofriam de cifose, que causa uma corcunda acentuada nas costas – daí, não é difícil imaginar como surgiram as suspeitas de vampirismo: naquela época, bastava uma denúncia para que todo mundo acreditasse que você era um servo do diabo, especialmente se você fosse diferente dos outros (e pontos extras se fosse mulher).
Dois dos “vampiros” foram enterrados de barriga para baixo e pregados ao chão com uma estaca, e um deles, o homem, foi também decapitado. O terceiro esqueleto, que pertencia a outro homem – este, sem sinais visíveis de deficiências -, teve a cabeça decepada e enterrada longe do resto do corpo, com pedras pesadas, como se fosse para imobilizá-la, caso voltasse à vida. E não foi só isso: para garantir de verdade que os três não fugissem das covas, os aldeões quebraram os joelhos de cada cadáver.
Outra pista de que aquelas pessoas eram vistas como monstros é o lugar onde elas foram enterradas: os túmulos foram encontrados do lado de fora dos muros do cemitério local, e os corpos foram todos sepultados com a cabeça para o leste e os braços cruzados sobre o peito – um padrão muito diferente dos cadáveres tidos como “humanos”, que não tinham orientação cardeal e cujos braços eram postos ao lado do corpo.
Este texto foi publicado originalmente na revista Superinteressante.