Origem do beijo: estudo indica que o beijo existe há pelo menos 16 milhões de anos (Peter Ginter/Thinkstock)
Redatora
Publicado em 22 de novembro de 2025 às 06h00.
Um grupo de cientistas britânicos rastreou as origens do beijo e concluiu que o comportamento pode ter surgido entre 16 e 21 milhões de anos atrás, uma vez que o gênero Homo apareceu há cerca de 2,5 milhões de anos.
A pesquisa da Universidade de Oxford, mostra que o hábito está longe de ser exclusivo dos humanos e ocorre em diversas espécies, incluindo primatas, insetos, peixes e até ursos polares.
Conforme destacado pelo The New York Times, os pesquisadores definem o beijo, em termos técnicos, como uma interação oral entre indivíduos da mesma espécie, sem transferência de alimento e com movimento dos lábios ou estruturas bucais.
Embora seja amplamente conhecido como gesto de afeto ou vínculo social entre humanos, o estudo indica que sua função evolutiva ainda não está totalmente esclarecida.
Os cientistas concentraram a análise no comportamento de grandes primatas, como gorilas, orangotangos e babuínos. As observações incluíram episódios de beijos entre mães e filhotes e interações sociais entre adultos. No entanto, a prática mostrou-se ainda mais ampla: formigas trocam toques bucais, peixes exibem movimentos semelhantes e aves como albatrozes também apresentam comportamentos próximos ao beijo.
A surpresa maior veio da variedade de grupos que demonstram esse tipo de interação. A equipe esperava evidências entre primatas e humanos, mas a presença do comportamento em insetos, aves e mamíferos polares ampliou o entendimento sobre sua distribuição no reino animal.
O estudo também cita os neandertais. Como eles compartilhavam micróbios com humanos modernos, há a possibilidade de que tenham trocado saliva em períodos de convivência no passado.
Matilda Brindle, bióloga evolucionista da Universidade de Oxford e líder do estudo, afirma que o beijo segue como um comportamento pouco explorado pela ciência evolutiva. Apesar de estar presente em diferentes culturas e ter significado social importante, ele oferece benefícios limitados para sobrevivência ou reprodução, o que levanta perguntas sobre sua função adaptativa.
Com isso, os pesquisadores esperam que as conclusões sirvam de base para investigações futuras. A falta de registros sistemáticos de beijos em campo limita o entendimento atual. Para Brindle, ampliar a documentação pode esclarecer se o gesto tem vantagens adaptativas além da sua função social.