Redação Exame
Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 14h03.
Apesar de décadas de escavações e pesquisas, as evidências fósseis dos primeiros dinossauros do planeta permanecem elusivas.
Enquanto espécies icônicas como o Tyrannosaurus rex representam formas mais avançadas e gigantescas, os dinossauros primitivos – como o Nyasasaurus – eram menores e menos complexos. Os fósseis desses pioneiros estão possivelmente enterrados em regiões profundas e inacessíveis da Terra, dificultando sua descoberta.
De acordo com um estudo publicado em 23 de janeiro na revista Current Biology, os fósseis mais antigos podem estar localizados em áreas equatoriais da América do Sul e África, como a Bacia Amazônica, o Congo e o Deserto do Saara. Essas regiões foram parte da antiga supercontinente Gondwana, que começou a se fragmentar há cerca de 175 milhões de anos.
Atualmente, os dinossauros mais antigos identificados incluem o Nyasasaurus, o Eoraptor, o Herrerasaurus, o Coelophysis e o Eodromaeus.
Alguns fósseis datados de aproximadamente 231 milhões de anos, encontrados em países como Argentina, Brasil e Zimbábue, representam espécies bem próximas ao início da evolução desses animais. Contudo, acredita-se que dinossauros ainda mais antigos estão por ser descobertos.
Esses primeiros dinossauros eram bem diferentes de seus sucessores gigantes. Do tamanho de um cachorro ou galinha, eram bípedes, ágeis e onívoros, enquanto os crocodilianos gigantes da época, conhecidos como pseudosuchians, dominavam os ecossistemas.
Estudos conduzidos por paleontólogos da University College London (UCL) analisaram as árvores evolutivas de dinossauros e répteis relacionados, correlacionando-as com mudanças na geografia da Terra. Os pesquisadores trataram as regiões sem fósseis como lacunas no registro fóssil, e não como áreas sem atividade paleontológica.
Os resultados indicam que os primeiros dinossauros surgiram em climas quentes e áridos do Gondwana equatorial. Entretanto, até agora, nenhum fóssil foi encontrado nesses locais devido a fatores como inacessibilidade e falta de pesquisas aprofundadas.
Volcões massivos há 201 milhões de anos provocaram extinções que permitiram que dinossauros se tornassem predominantes, expandindo-se para outras regiões de Gondwana e para Laurasia, o supercontinente vizinho que se dividiu em Europa, Ásia e América do Norte.
Os dados também sugerem que alguns grupos de dinossauros, como os terópodes e ornitísquios, podem ter desenvolvido mecanismos de regulação térmica durante o período Jurássico. Essa capacidade teria permitido que prosperassem em climas mais frios, ao contrário dos sauropodomorfos, que permaneceram nas regiões quentes e tropicais.
“Os dinossauros eram bem adaptados a ambientes áridos e quentes,” afirmou o paleobiólogo Philip Mannion, coautor do estudo.
Para preencher as lacunas no registro evolutivo dos dinossauros, os pesquisadores ressaltam a importância de explorar as regiões menos investigadas da América do Sul e África.
Focar nas áreas equatoriais pode finalmente revelar os ancestrais mais antigos e fornecer uma compreensão mais ampla da história dos dinossauros.