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Onde é o ponto de partida do espaço? NASA esclarece até onde vai o Universo

Doug Rowland, cientista da agência americana, detalha as possíveis referências para os limites do espaço e do planeta Terra

 (Adastra/Getty Images)

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Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 28 de abril de 2025 às 18h22.

Última atualização em 28 de abril de 2025 às 18h56.

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Você já parou para pensar onde exatamente a atmosfera da Terra termina e o espaço sideral começa? Apesar de não existir uma linha divisória precisa, há diferentes formas de abordar essa questão. Em um vídeo, Doug Rowland, especialista em heliofísica (estudo do Sol e sua influência) da NASA, traz a resposta para essa pergunta e já adianta que tudo depende bastante da perspectiva adotada.

Isso acontece porque, à medida que subimos na altitude, a atmosfera vai se tornando gradualmente mais rarefeita, o que dificulta a definição de um limite fixo entre a atmosfera e o espaço.

Para a NASA, um ponto de referência comum é a chamada linha de Kármán, situada a 100 quilômetros acima do nível do mar. Essa marca abrange 99,99997% da massa atmosférica da Terra.

A linha de Kármán também é utilizada pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI) para classificar toda atividade realizada acima dos 100 km da superfície como astronáutica. Já a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) define como voo espacial comercial qualquer missão que atinja pelo menos 80 quilômetros de altitude.

Há ainda áreas da atmosfera que vão muito além desses limites. Um estudo de 2019, baseado em dados da missão Solar and Heliospheric Observatory (SOHO), da NASA, em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA), mostrou que a geocorona — uma camada de átomos de hidrogênio — pode se estender até cerca de 630 mil quilômetros da superfície terrestre, ultrapassando inclusive a órbita da Lua.

A Estação Espacial Internacional (ISS), por exemplo, orbita a Terra a apenas algumas centenas de quilômetros de altitude. "Aquela região, embora muito diferente da que vivemos — onde, por exemplo, não seria possível respirar —, ainda possui atmosfera suficiente para ser muito interessante. Lá existe gás ionizado, radiação, e uma série de fenômenos que compõem o chamado clima espacial", comenta Rowland.

As camadas da atmosfera da Terra

A atmosfera terrestre é dividida em cinco camadas principais: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera.

A troposfera, a camada onde vivemos, se estende até cerca de 12 quilômetros de altitude. É nela que se concentram o maior volume de ar e todos os fenômenos climáticos que vemos diariamente, como as nuvens. Acima da troposfera, entre 12 km e 50 km, está a estratosfera, onde se localiza a camada de ozônio, vital para filtrar a radiação ultravioleta do Sol. Aviões comerciais e jatos geralmente voam na parte inferior dessa camada.

Logo acima encontra-se a mesosfera, que atinge altitudes de até 80 km. Essa região é o ponto mais frio da atmosfera terrestre, com temperaturas médias de -85ºC. É nela que se formam nuvens altíssimas, visíveis em certas condições especiais.

Entre 80 km e 700 km de altitude está a termosfera, uma camada onde não há nuvens nem vapor de água. Aqui, as partículas do vento solar interagem com os gases da atmosfera, originando fenômenos como as auroras boreais e austrais — também visíveis em áreas mais baixas da exosfera. A ISS orbita justamente dentro da termosfera.

Finalmente, vem a exosfera, que pode se estender até cerca de 10 mil quilômetros acima da superfície terrestre. É nessa camada que orbitam a maioria dos satélites, e seu limite superior se confunde com o vento solar.

"Em certo sentido, vivemos dentro da atmosfera do Sol", observa Rowland. Ele explica que há uma transição da atmosfera da Terra para a atmosfera solar, até chegar na heliopausa, que marca o limite da heliosfera. A heliopausa é a região onde a influência do vento solar cede lugar ao vento interestelar da galáxia.

De acordo com o especialista, a atmosfera terrestre termina por volta de 650 quilômetros de altitude — embora para diversas organizações, o espaço tenha início antes disso. "Mas é importante lembrar que, mesmo além desse ponto, o espaço não é um vácuo completo — está repleto de elementos fascinantes", destaca o especialista.

Confira a seguir o vídeo da Nasa

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