Ana Helena A. Figueiredo, infectologista do Grupo Iron e especialista em bioestatística em saúde pública pela Universidade Johns Hopkins, afirma que não é possível diferenciar as três doeças apenas pelos sintomas (Oliver Helbig/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 7 de janeiro de 2022 às 17h24.
Última atualização em 12 de janeiro de 2022 às 08h04.
Diante do comportamento que a ômicron tem apresentado no mundo, com sintomas menos graves e diferentes da variantes anteriores, é comum ficar em dúvida em relação a sintomas como febre, dor de cabeça, mal estar e coriza. Isso porque as doenças respiratórias, que também incluem resfriado e gripe, costumam apresentar sinais bem parecidos, por afetarem as mesmas regiões do corpo. A diferença é que alguns deles tendem a aparecer com mais frequência ou ter maior intensidade, a depender da doença.
Covid-19:
"A covid-19 e a gripe 'derrubam'. Já o resfriado só 'atrapalha' a rotina", afirma Salmo Raskin, médigo geneticista e diretor do Laboratório Genetika, de Curitiba.
É e muito provavelmente a causa principal do aumento de infecções no mundo e no Brasil, associada ao relaxamento das medidas de distanciamento por conta das festas de fim de ano. A nova variante costuma provocar sintomas com menor intensidade em comparação com as demais cepas que já se espalharam até então.
O estudo Zoe Covid vem fazendo constantes levantamentos sobre os sintomas que pacientes diagnosticados com a doença costumam relatar. O trabalho aponta para coriza, dor de cabeça, cansaço, espirros e dor de garganta como os principais associados à covid-19 causada pela ômicron. Eles costumam ser leves, já que estudos apontam que a ômicron se reproduz mais rápido nas vias aéreas e poupa o pulmão. Os sintomas melhoram, em média, cinco dias após o início. A febre também pode surgir, mas com menos frequência.
A febre pode ser um sintoma diferencial entre a gripe, na qual ela é comum. Diante de um quadro febril, é provável, portanto, que o paciente esteja com gripe, desencadeada pelo vírus influenza. Mas a febre, por si só, não garante o diagnóstico da doença.
De acordo com o Instituto Butantan — responsável por produzir a vacina da gripe usada no Brasil —, os principais sintomas da gripe são: febre súbita, tosse (geralmente seca), dor de cabeça, dores musculares e articulares, mal-estar, dor de garganta e coriza. Os sinais da gripe costumam durar de cinco a sete dias, sendo que a tosse pode levar duas semanas ou mais para desaparecer.
Tem sintomas mais leves que a gripe, e se parece bem mais com os sinais dados pela ômicron, por também afetar mais as vias aéreas superiores. Os principais sintomas do resfriado são: coriza (nariz escorrendo com secreção aquosa e transparente), nariz entupido, espirros, dor de garganta e febre baixa (mais comum em crianças — adolescentes e adultos não costumam apresentar). Os sinais costumam durar de três a quatro dias, mas podem se prolongar em fumantes, chegando a até dez dias.
Ana Helena A. Figueiredo, infectologista do Grupo Iron e especialista em bioestatística em saúde pública pela Universidade Johns Hopkins, afirma que não é possível diferenciar as três doeças apenas pelos sintomas, já que, apesar de a maioria dos casos seguir um padrão, algumas pessoas podem apresentar quadros atípicos.
"Outro fator que impossibilita o diagnóstico somente pelos sintomas é a coinfecção, quando dois ou mais vírus acometem o individuo de uma só vez. Nesse caso todos os sintomas podem estar presentes e não é possivel distinguir de uma infecção somente por um dos vírus. Para diagnosticar com precisão deve-se realizar um teste que identifique o agente etiológico."
A indicação é realizar primeiro o teste para a covid-19. Como ainda não se sabe a prevalência da ômicron (que é mais branda) no Brasil, a doença causada pelo coronavírus continua sendo a mais preocupante dentre as três.
Há medidas que ajudam a prevenir as três doenças, como uso de máscaras, higienização recorrente das mãos e distanciamento social. Com os estudos apontando a maior transmissibilidade da ômicron, especialistas recomendam o uso de máscaras mais filtrantes, como a PFF2 ou N95. Caso não seja possível, a orientação é usar duas máscaras: a cirúrgica por baixo e a de pano por cima, ou usar uma máscara de pano com camada dupla.
A vacina, no entanto, é o método mais eficaz. Elas não impedem totalmente o contágio, mas reduzem drasticamente a gravidade, mesmo se não tiverem sido desenvolvidas especificamente para a variante dominante no momento. Atualmente, existem vacinas contra a covid-19 e a gripe.