Restos da supernova Cygnus, em foto tirada pelo telescópio Hubble (Nasa/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 26 de junho de 2023 às 14h31.
Última atualização em 26 de junho de 2023 às 14h54.
Um grupo de astrônomos anunciou a descoberta de uma nova forma de uma estrela morrer — por meio de um verdadeiro choque interestelar — de acordo com um estudo publicado na revista "Nature".
"Ao invés de ter um fim natural, as estrelas podem morrer em uma colisão", explicou o professor Andrew Levan, da Universidade de Radboud, na Holanda, principal autor do estudo.
Normalmente, o destino de uma estrela depende de sua massa. "As estrelas grandes acabam formando uma supernova (uma explosão gigantesca) e as de pouca massa, como o Sol, se apagam como uma estrela anã branca", explicou o astrofísico.
Mais raramente, e sempre no caso de estrelas de nêutrons — um dos possíveis resquícios de uma supernova (o outro é um buraco negro) —, elas podem se fundir quando estão em um sistema binário, como um par de objetos que nascem muito perto um do outro.
Mas não foi isso que ocorreu em outubro de 2019, quando aconteceu uma explosão de raios gama de energia colossal, procedente de uma galáxia distante situada na direção da constelação de Aquário. Um evento desse tipo, em razão de sua duração — que vai desde menos de 2 segundos até vários minutos — significa, respectivamente, a fusão de duas estrelas de nêutrons ou a explosão de uma grande supernova.
Esta rajada, batizada de GRB191019, durou mais de 1 minuto e, por isso, normalmente, seria classificada na segunda categoria (explosão de supernova). Acontece que os astrônomos não haviam observado sinais de supernova na galáxia em que se originou o fenômeno e que se encontra a aproximadamente 2 bilhões de anos-luz da Terra. Isso não surpreende porque esta galáxia, por ser muito antiga, não gera mais estrelas e, por isso, certamente já não forma estrelas massivas que provavelmente terminam em supernovas.
A longa observação do evento levou os pesquisadores a desvendarem a chave do mistério. Ocorreu a uma distância extremamente curta do núcleo da galáxia, menos de 100 anos-luz. Para efeito de comparação, o sistema solar está a aproximadamente 27 mil anos-luz do centro da galáxia.
Levan explica que esse núcleo galáctico é uma região muito densa, que pode conter dezenas de milhões de estrelas, que podem colidir ou dispersar-se. Principalmente porque os “objetos compactos” que a povoam, estrelas anãs brancas e de nêutrons e pequenos buracos negros, estão sujeitos à força gravitacional do buraco negro supermassivo que se localiza no centro da galáxia.
A equipe internacional de pesquisadores concluiu, então, que os objetos celestes cuja colisão povocou a explosão de raios gama se formaram em lugares diferentes entre si e se encontraram no coração da galáxia, explicou o astrofísico. Os astrônomos acreditam que esse tipo de colisão — cuja existência só foi comprovada teoricamente — pode ocorrer rotineiramente no entorno do centro da galáxia. No entanto, a observação do fenômeno se torna difícil pela existência de poeira e gás nestas regiões.